SOBRE (MINHAS) PÉROLAS

São sempre produto de um processo de defesa contra um corpo invasivo, nocivo e, muitas vezes, parasitário.

Tais elementos penetram na ostra através de perfurações ou cortes e alojam-se entre a concha e o manto.

A forma das pérolas varia de acordo com o formato do parasita ou do material invasor, podendo ser perfeitamente esféricas e agradáveis de se ver, ou deformadas, cônicas, pontiagudas ou semelhantes a cancros.

A sua cor também varia, segundo as condições ambientais e a saúde das ostras agredidas, sendo asmais comuns, a rosa, a creme e a branca, e, mais raramente, a cinza e a preta.

O ser humano desenvolveu métodos de tortura ideais para produzir pérolas em série, e saciar o apetite humano pela beleza da dor alheia, ostentada como símbolo de poder e status.

"Pérola", na Literatura, é uma metáfora usada para se referir a algo original, raro, belo e prazeroso de se ler.

É que a maioria dos críticos e leitores esquece-se do terrível processo de sua formação!

Este texto é uma "pérola".

Mas é, acima de tudo, uma tentativa de fazê-los lembrar das pérolas naturalmente deformadas, ou das belíssimas, artificialmente provocadas pelos torturadores, sempre que forem usar esta expressão, na minha escrivaninha.

Jacqueline K
Enviado por Jacqueline K em 11/12/2010
Reeditado em 11/12/2010
Código do texto: T2665484
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