SOBRE (MINHAS) PÉROLAS
São sempre produto de um processo de defesa contra um corpo invasivo, nocivo e, muitas vezes, parasitário.
Tais elementos penetram na ostra através de perfurações ou cortes e alojam-se entre a concha e o manto.
A forma das pérolas varia de acordo com o formato do parasita ou do material invasor, podendo ser perfeitamente esféricas e agradáveis de se ver, ou deformadas, cônicas, pontiagudas ou semelhantes a cancros.
A sua cor também varia, segundo as condições ambientais e a saúde das ostras agredidas, sendo asmais comuns, a rosa, a creme e a branca, e, mais raramente, a cinza e a preta.
O ser humano desenvolveu métodos de tortura ideais para produzir pérolas em série, e saciar o apetite humano pela beleza da dor alheia, ostentada como símbolo de poder e status.
"Pérola", na Literatura, é uma metáfora usada para se referir a algo original, raro, belo e prazeroso de se ler.
É que a maioria dos críticos e leitores esquece-se do terrível processo de sua formação!
Este texto é uma "pérola".
Mas é, acima de tudo, uma tentativa de fazê-los lembrar das pérolas naturalmente deformadas, ou das belíssimas, artificialmente provocadas pelos torturadores, sempre que forem usar esta expressão, na minha escrivaninha.