Quem e onde somos?

Atualmente, o individualismo nos conforma em nossa subjetividade e identidade. Segundo Ferry, "O que se mostra, então, errôneo na noção de individualidade não é o conceito de indivíduo em geral, mas sim um conceito particular de indivíduo, a saber, o indivíduo autonomizado relativamente ao mundo e ao devir e posto como um átomo ou como uma 'mônoda', quer dizer, como uma unidade última, estável, duradoura, até mesmo indestrutível (imortal), fonte última de seus próprios atos e de suas próprias representações" (FERRY, L. 'Homo aestheticus: a invenção do gosto na era democrática'. Trad. E. M. de M. Souza. São Paulo: Ensaio, 1994, p. 228-229).

Esse "indivíduo" floresce em que sociedade? Para Berman, "Não só a sociedade moderna é um cárcere, como as pessoas que aí vivem foram moldadas por suas barras; somos seres sem espírito, sem coração, sem identidade sexual ou pessoal, quase podíamos dizer: sem ser" (BARMAN, M. 'Tudo o que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade'. Trad. C. F. Moisés & A. M. L. Ioriatti. São Paulo: Cia. das Letras, 1986, p. 27).

Estou plenamente consciente de que essa ideologia do individualismo cego se fundamenta, contrariamente a todas as evidências do fracasso científico da hipótese evolucionista, na ideia-força, na ideologia, no conjunto de ideias do darwinismo, imposto, a ferro e fogo, pelo poder das sociedades capitalistas liberais. Para entender isso, duas leituras ajudam sobremaneira:

1 MAGALHÃES, G. "Darwin: herói ou fraude?" Disponível em: <www.casadaciencia.ufrj.br/caminhosdedarwin/.../heroioufraude.pdf>. O próximo texto, "O que é isto, o darwinismo?" é a transcrição adaptada de uma versão desse artigo que saiu no Observatório da Imprensa.

2 TOGNOLLI, C. "A falácia genética: a ideologia do DNA na imprensa". São Paulo: Escrituras, 2003.

Wilson Correia
Enviado por Wilson Correia em 24/10/2009
Reeditado em 26/10/2009
Código do texto: T1884623