Há pessoas que a cada telefonema, a cada encontro, nos fazem refletir sobre a vida.
Mas ,não positivamente e sim, em como não podemos ficar iguais a elas.
Quando as pessoas passam afastar todo mundo, não querem ver crianças,porque são crianças, adultos porque são adultos, cachorros,apenas de longe e assim por diante, é muito triste para nós verificar isso e ao mesmo tempo ,estamos de mãos amarradas.
Nada podemos fazer já que a pessoa nada aceita , é revoltada e com um temperamento fortíssimo.
Bem, hoje após um telefonema onde eu tive que ouvir, mais uma vez que ela não tem valor nenhum, que não sabe porque ainda está por aqui nessa vida que ela não suporta e tuuuuuuuuuudo mais, ao abrir um livro que Neno ganhou, "A Árvore Generosa", de Shel Silverstein, vi que tratava da trajetória de um menino e sua amizade com uma árvore, durante todas as fases de sua vida, até o momento em que ela vira apenas um toco, de tanto se doar e, ao mesmo tempo, feliz por isso e o menino, já era agora um homem velho...
Lindíssima e emocionante história. Aliás, recomendo para quem tem crianças em casa,faz refletir...
Bem, após ler junto com o Neno, lembrei dessa pessoa amarga e me fui novamente, para o telefone.
Li, então, página por página (são apenas frases em cada uma), até chegar no final, quando a árvore, apesar de estar transformada apenas em um toco, ainda assim, se alegrava , de ainda poder ser útil na vida...
Sabia que ainda servia para que alguém nela sentasse e descansasse e assim, ela ainda podia ficar feliz.
Isso tudo me fez girar a cabeça e imaginar que são tantos e tantos os aprendizados em nossas vidas e entre eles, há mais um agora: saber virar bons tocos...
Saber ser tocos capazes de ainda dar carinho e colo e não apenas se tornar espinhosos, afastando quem nele pensou em "sentar" ou descansar...
Saber ser tocos que saibam receber carinho e apreciá-lo, saber aconchegar mesmo com pouco espaço que há no seu colo e de já não mais ter galhos e folhas verdinhas para dar sombra...
E ainda, ser tocos que valorizem quando alguém vai até eles, sem machados nas mãos, mas com carinho...
É mais uma lição que a vida nos dá , mostrando que a cada idade, temos sempre a aprender...
Pena ver quando, apesar do tempo passado,esse aprendizado não chega!
É difícil esse aprendizado, mas vamos lá,com esperança de saber passar de árvores a tocos muito bem... Chica
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Amargura é de doer! Bela imagem a do toco. Saber se dar e aguentar até o fim, como a árvore.Veja este poema:
ÁRVORE
Deixa-se estar, e está
sozinha e se conforma.
Não se importa com silêncio,
que sua voz não pronuncia.
Fica lá e da mesma forma,
solta flores e suas frutas,
e até ao vento que a deforma,
não ataca nas suas lutas.
Vê seus frutos derrubados,
e os que não, ainda oferece,
a quem passa e sente fome,
e ao verme que a consome.
Perde as folhas ao agito,
e dos galhos cede a lenha.
Caem-lhe partes sem um grito,
sem o viço que as mantenha.
E se mais não sabe dar,
tem sua sombra a regalar,
que a este pau cabe o destino,
de chorar no masculino.
Chora lágrimas de homem,
que só correm silenciosas,
lentamente e até dormem
as suas seivas milagrosas.
Depois seca e mesmo assim,
à bondade ainda se presta:
Faz-se pão do que ainda resta,
o alimento do cupim.
Serve a si como um exemplo,
do viver de forma honrosa.
Faz o esteio que ergue o templo,
e a cadeira preguiçosa.
E só pede que a permitam,
entregar-se por inteiro:
Dar-se àqueles que a matam,
e à mão do lenhadeiro!
ÁRVORE
Deixa-se estar, e está
sozinha e se conforma.
Não se importa com silêncio,
que sua voz não pronuncia.
Fica lá e da mesma forma,
solta flores e suas frutas,
e até ao vento que a deforma,
não ataca nas suas lutas.
Vê seus frutos derrubados,
e os que não, ainda oferece,
a quem passa e sente fome,
e ao verme que a consome.
Perde as folhas ao agito,
e dos galhos cede a lenha.
Caem-lhe partes sem um grito,
sem o viço que as mantenha.
E se mais não sabe dar,
tem sua sombra a regalar,
que a este pau cabe o destino,
de chorar no masculino.
Chora lágrimas de homem,
que só correm silenciosas,
lentamente e até dormem
as suas seivas milagrosas.
Depois seca e mesmo assim,
à bondade ainda se presta:
Faz-se pão do que ainda resta,
o alimento do cupim.
Serve a si como um exemplo,
do viver de forma honrosa.
Faz o esteio que ergue o templo,
e a cadeira preguiçosa.
E só pede que a permitam,
entregar-se por inteiro:
Dar-se àqueles que a matam,
e à mão do lenhadeiro!