CONVERSAS COM QUEM GOSTA DE ESCREVER - MARGUERITE DURAS
“Comecei a escrever num ambiente que me obrigava ao pudor. Escrever, para eles, era ainda, imoral. Hoje muitas vezes escrever pode parecer não significar nada. Por vezes sei disto: a partir do momento em que não for, confundidas todas as coisas, ir ao sabor da vaidade e do vento, escrever é nada. A partir do momento em que não for, sempre, a confusão de todas as coisas numa única essência inqualificável, escrever é nada mais que publicidade. Mas na maioria das vezes não tenho opinião sobre isso, vejo que todos os campos estão abertos, que não haverá mais nada onde se esconder, se fazer, ser lida, que na sua inconveniência fundamental não será mais respeitada, mas nem penso mais nisso."
(Marguerite Duras, O Amante)
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In: Escrever Sem Doer - Ronald Claver, ed. UFMG, 2006.