O Elefantinho e a Vela
Havia um pequeno elefante, de olhar triste e passos lentos. Vivia à margem do mundo, apagado como uma lâmpada que jamais se acendeu. Ninguém o via, e ele mesmo quase não se enxergava. A solidão era sua única companhia.
Num desses dias nublados da alma, caminhava cabisbaixo por uma rua esquecida, quando algo cintilou em seu caminho: uma vela. Pequena, discreta, mas com uma chama gentil que lhe chamou a atenção.
A vela o notou e, sem dizer palavra, acendeu a luz que dormia dentro dele. Desde então, o elefantinho não caminhava mais na escuridão. A vela iluminava sua vida, e ele, com sua doçura e proteção, a fazia sorrir — e esse sorriso alimentava sua chama.
Juntos, seguiram. Compartilharam silêncios, risadas e o calor do afeto. Até que veio a tempestade.
A água caía impiedosa, ameaçando apagar a pequena chama da vela. O elefantinho, em desespero, a segurou com força, protegendo-a do vento e da água. Abraçou-a, mesmo que isso lhe causasse dor. Queimou-se um pouco, sim, mas preferia se ferir a vê-la desaparecer.
Com coragem e amor, correu até encontrar abrigo em uma velha cabana esquecida no bosque. Lá, finalmente a tempestade passou.
A vela, emocionada, prometeu jamais deixá-lo. Selaram ali um pacto silencioso de lealdade. Desde aquele dia, sua chama se fez ainda mais forte, capaz de iluminar não apenas o caminho à frente, mas tudo o que havia dentro deles.
E nunca mais houve escuridão.