A festa no fundo do igarapé
Personagens:
Delegado Tambaqui – O sábio e justiceiro peixe da lei.
Jaraqui– O cavalheiro elegante, sempre com um chapéu.
Bodó– O revoltado, vive resmungando por tudo.
Cuiú– O brigalhão, sempre procurando confusão.
Pacú– O mocinho bondoso, que só quer paz (e um pedaço de fruta).
Piranha – A dançarina mais cobiçada do igarapé, mas muito esperta.
Dona Matrixã– A dona da gruta onde rola a melhor festa do igarapé.
Boto– O peixe galanteador, famoso por seus flertes, mas que hoje vai aprender uma lição.
A Confusão na Gruta da Matrixã
Era uma noite de lua cheia no igarapé , e Dona Matrixã havia decorado sua gruta com algas brilhantes e conchas cintilantes para a Grande Festa dos Peixes. Todos estavam animados—todos, menos Bodó, que resmungava:
— "Ah, festa de novo? Toda semana é isso! Cadê meu canto pra dormir?"
Jaraqui, sempre elegante, ajustou seu chapéu e disse:
— "Bodó, meu caro, alegria é como escama: ou você tem, ou vive descamando!"
Boto, o peixe galanteador, já estava circulando pela festa, piscando para todas as peixas:
— "Minhas queridas, hoje é noite de romance! Quem vai se render aos meus encantos?"
Mas as peixas só reviravam os olhos:
— "De novo, Boto? Você diz isso pra todas!"
Enquanto isso, Piranha chegou dançando, fazendo todos os peixes suspirarem. Cuiú, o brigão, logo gritou:
— "Ela vai dançar COMIGO hoje!"
Pacú, que só queria saborear um pedaço de fruta, foi empurrado sem querer e caiu em cima de Bodó, que explodiu:
— "AGORA CHEGA! VOU ACABAR COM TODOS VOCÊS!"
E a confusão começou! Cuiú deu um cabeçada em Jaraqui, que revidou com um golpe de chapéu. Bodó tentou morder todo mundo, e Piranha gritou:
— "Parem! Eu não sou prêmio de briga!"
Boto, vendo a chance de ser herói, nadou até ela:
— "Minha rainha, deixe-me te salvar!"
Mas Piranha só suspirou:
— "Boto, você não salva nem sua própria reputação!"
Foi aí que... PLOFT! Uma bolha gigante surgiu na entrada da gruta. Era o Delegado Tambaqui, com seu distintivo reluzente!
— "O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?!"berrou ele, com voz de trovão.
Todos congelaram. Pacú, ainda com a boca cheia de fruta, tentou explicar:
— "Eu só queria comer meu capitari, delegado!"
Tambaqui suspirou e prendeu Cuiú e Bodó com algas resistentes.
— "Vocês dois vão passar a noite na Cadeia dos Corais!"
A festa continuou, mas agora em paz. Piranha, cansada de tanta confusão, olhou para Pacú e disse:
— "Você é o único que não me chamou de troféu. Quer dançar?"
Pacú, surpreso, engoliu rápido sua fruta e respondeu:
— "Claro! Mas só se eu puder levar um pedacinho de banana pra dança!"
Enquanto isso, Boto, sozinho no canto, tentou puxar conversa com uma tucunaré, mas ela só riu:
— "Nem pensar, garanhão! Vá cuidar da sua fama!"
E assim, enquanto Cuiú e Bodó ficavam de castigo e Boto refletia sobre seus pecados, Pacú e Piranha dançaram felizes sob as luzes das águas, e a festa terminou com todos cantando:
"No fundo do rio tem alegria,
mas quem arruma confusão vai pra cadeia!
E quem é galanteador demais...
no final da festa fica sem ninguém pra amar!"
Moral da história Brigar não leva a nada, ser folgado afasta todo mundo... mas ser gentil e sincero? Isso sim atrai o verdadeiro "felizes para sempre"!