Uma mala cheia de Dinheiro
Eu, Hermínio, menino de família pobre, vivia pelas fazendas, onde meu pai era retireiro, o qual se levantava de madrugada para ordenhar as vacas leiteiras tirando o leite e os deixava na beira da estrada para o caminhão que passava pegar os tambores de leite e levá-los para o laticínio. Muito sofrimento pelas roças, usando algumas roupas e calçados ganhados dos familiares, alimentação muito pouca. O tempo que sobrava para meu pai trabalhar numa pequena roça familiar, era muito pouco e além do mais, sempre por causa de falta de chuvas, perdia as lavouras plantadas. Enquanto isso, eu como menino trabalhava nas fazendas vizinhas catando algodão, quebrando milho e outros afazeres para ajudar no sustento da família.
Já com quatorze anos, meus pais resolveram mudar para o vilarejo mais próximo para que eu pudesse estudar.
Entrei para o grupo para fazer o primeiro ano. Muito esperto e com minha dedicação quando passei para o segundo ano, orientado pelos professores, fiz uma prova e passei a cursar já o terceiro ano. Com dezoito anos já fazia o primeiro ano do ginásio. Assim, eu fui estudando e tirei o ginásio. Naquela mesma escola havia uma moça, Maria, que vinha do sítio dos pais para terminar também o seu colegial. Muito dedicada e trabalhadeira, inclusive ajudava a sua mãe nos trabalhos de casa e muitas vezes na roça.
Eu, agora já no terceiro ano do colegial, comecei a namorar com Maria e passei a frequentar a casa dela no sítio. Rapaz formoso, e trabalhador, conhecedor dos trabalhos de fazenda e de roça, logo caí na graça do pai de Maria.
Os dias foram passando e resolvemos nos casar. Ambrósio, pai de Maria, perguntou para mim, agora como seu genro, se eu não faria questão de morar no sítio.
Eu que já estava acostumado em morar pelas fazendas, logo aceitei dizendo para meu sogro que seria muito bom, porque assim economizaria no aluguel de casa na cidade. Então, fui morar com minha esposa numa casa preparada pelo sogro e comecei a trabalhar no sítio e recebia um pequeno salário pelo meu trabalho prestado.
Passaram cinco anos e já com dois filhos pequenos e o salário que recebia já não era suficiente para manter os gastos da minha família.
Então, chamei Maria para conversar e propus a ela que deveria ir para uma cidade grande para procurar um trabalho e depois que estivesse estabilizado, voltaria para buscá-la. A decisão não foi fácil para ser tomada por nós naquele momento, mas era necessária. Com tristeza em seu coração, Maria concordou depois de ouvir a sua promessa que não demoraria em dar notícias.
Depois de levar ao conhecimento dos pais dela, deixei Maria com os filhos na responsabilidade dos sogros e parti para a cidade grande.
Com dores no coração sai da roça e fui para cidade a procura de trabalho. Ao chegar naquela cidade e depois de me alojar num pequeno hotel, saí pelas ruas a procura de algum cartaz que pudesse estar oferecendo algum emprego. Me encontrava no centro, porém, era primeira vez que me achava num lugar totalmente desconhecido. Nesta esquina onde eu estava parado, chegou um senhor moreno que aparentava uns 60 anos de idade, bem perto mim e disse: —Moço, por favor, você pode me dar um dinheiro para eu comprar uma passagem de ônibus? —Preciso ir embora e eu não tenho nenhum dinheiro para comprar a passagem. Então, um pouco acabrunhado, porque, por precaução também não estava com nenhum dinheiro e nem mesmo estava com carteira, só o cartão de crédito e a RG para me identificar, caso fosse necessário, disse ao senhor: —Me desculpe, senhor, por eu não poder te ajudar, não tenho nenhum dinheiro aqui, veja que nem minha carteira trouxe, devo ter esquecido em casa, e fui metendo a mão e puxando o bolso para fora para mostrá-lo que não tinha dinheiro. Quando olhei para baixo, para o lado do bolso que estava puxando vi uma sacola grande no chão bem aos meus pés, não era minha, mas naquele momento olhei para todos os lados e não via ninguém, e nos meus pensamentos, pensava, de quem poderia ser aquela sacola; pensando rápido disse para mim mesmo. —Que aquela sacola de ora em diante era minha. Então me encurvei e abri o zíper da sacola e quando olhei dentro dela estava cheia de pacotes de dinheiro amarrados com borrachinhas de banco. Eram notas novas de cem e de duzentos reais e saltaram aos meus olhos pela quantidade e valores das notas. Lembrei me dos filhos e de Maria. Peguei um dos pacotes e tirei uma nota, mas saiu duas e era notas de cem reais.
Aquele senhor que estava ali pedindo dinheiro, quis enfiar a mão na sacola para pegar um pacote, mas o impedi, dizendo: — Ou, pera aí. Pega esta nota! O homem queria dar um de esperto e tentou pegar as duas notas que tinha saído na minha mão, mas novamente disse: —É só uma! Então, ele pegou aquela nota de cem e saiu. Daquele momento em diante fiquei com aquela sacola e não sabia o que deveria fazer. Fiquei pensativo... E agora o que deveria fazer com a sacola! Olhei para o outro lado da esquina e vi um moço que aparentava uns 26 anos, baixo e magro o qual se disfarçou. Então entendi que ele estava me sondando. Peguei aquela sacola e sai pela calçada para o lado que distanciava dele e fui descendo a avenida. Aí, olhei para trás e vi que aquele moço também vinha vindo e quando olhava para ele, eu percebia que ele se disfarçava. Então, comecei a correr e quando cheguei numa rua larga e do lado direito tinha uma praça muito bonita. Foi quando vi umas pessoas e resolvi perguntar a uma delas. ___ Qual ônibus que eu deveria pegar para ir lá para o endereço tal? E alguém me respondeu: —Pega ali no ponto. Desci apressado, pois aquele moço estava vindo. Foi passando um ônibus que mais parecia um vagão de metrô, com vidros transparentes e não parou, saí correndo e pulei e entrei pela porta traseira e fui lá para frente. Sentei me numa das poltronas achando que agora eu estava a salvo. Olhei para trás o moço também estava no ônibus, lá nos fundos. Quando o vagão andou uns trezentos metros e se encontrava com outra rua do lado de baixo de uma praça, pulei com vagão em movimento e fui para a outra calçada e logo encontrei um prédio com uns tapumes vermelhos de construção. Na frente havia um corredor muito estreito, entrei e virei a esquerda, alcançando um elevador improvisado onde os construtores utilizavam para subir materiais. Entrei no elevador, apertei um botão para subir e quando o elevador parou, sai numa sala bem grande cheio de equipamentos de telecomunicação, era uma central telefônica desativada, olhei para direita, lá nos fundos havia outra porta que eu a identifiquei como a sala de bateria. Fui pela esquerda e entrei numa sala toda cheia de mesas e vi uma moça de pé mexendo em alguns papéis. Parei bem perto dela e disse: —Moça, por favor, seja rápida, chame a polícia, pois tem um homem me seguindo por causa desta sacola. Ela está cheia de pacote de dinheiro. Aquela moça, um pouco receosa, falou: —Para que chamar a polícia? E, eu novamente pedi para ela chamar a polícia e ela respondeu: Vou chamar então.
Olhei para o outro lado e vi outra moça que pegou o telefone e ligou para alguém. Neste momento entrou o moço que me perseguia e eu falei para ela: —É este moço que está me perseguindo. Ele chegou próximo da sacola, e num impulso eu o agarrei e o joguei no chão. Ele trazia uns objetos todos cheios de fios coloridos pendurado no pescoço. Quando vi aqueles objetos pendurados no seu pescoço, comecei a tirá-los. Falava eu para moça:—Pegue alguns pacotes deste dinheiro aí da sacola para você, mas ela receosa só olhava os pacotes de dinheiro. Foi quando o policial entrou, mas não era a polícia civil e sim o vigilante do prédio. Ele perguntou: —É este moço que está te perseguindo? Respondi: —Sim, e fui pegando um aparelho pequenininho que tinha retirado do pescoço do moço, fui até a janela e olhei para baixo e via as casas da cidade lá embaixo. Voltei e perguntei àquelas moças: —Que andar era aquele onde estávamos e elas me responderam: —Estamos no nono andar. Quando eu ia jogar pelo vitro aquele aparelho lá pra baixo, a moça gritou: —Não jogue não, pode ser uma bomba e vai acabar com a cidade. Então não joguei. Agora o vigia levava apressado o moço pelo mesmo caminho que entrou e eu fui atrás dele para ver o que aconteceria. Ao invés do elevador eles desciam pela escada e fez a curva da escada para o andar debaixo. Olhei e vi que ele tinha deixado um equipamento no degrau da escada e eu desci até aquele degrau, olhei e havia alguns LEDs piscando como se fosse uma bomba relógio. Tinha um botão com uma lâmpada amarela acesa. Pensei em apertar aquele botão, mas achei melhor não, pois, poderia aquela bomba explodir comigo ali perto. Voltei apressado e entrei novamente na sala. A sala era dividida com uma mureta de aproximadamente uns noventa centímetros de altura de alvenaria e daí para cima era de vidro. Agachei bem e fui quase arrastando pelo chão levando aquela sacola, pois pensava, se esta bomba explodir eu estarei protegido pela parede. Foi a conta de pensar, a bomba explodiu. Eu continuei me arrastando bem rápido e só ouvi o barulho da explosão e a força da onda do vento que passava por aquele ambiente. Fui até o fim da parede e olhei para trás e via somente aquela onda da explosão fazendo os seus movimentos. Aquele moço após a explosão sumiu e o mesmo guarda subiu para ver o que tinha acontecido. As moças também tinham se escondidos atras da mureta e não tinha nenhum sinal de arranhões. Então o guarda desceu conosco, nos escoltando até a rua.
Saí apressado pela rua levando aquela sacola e fui para o hotel onde estava hospedado. No dia seguinte me levantei bem cedinho, soquei a sacola dentro da minha mala e fui tomar café. Na TV, estava passando as manchetes no jornal da manhã: Terrorismo no centro da cidade: — “Terrorista após explodir bomba no centro da cidade foge pelo fundo do prédio e leva saco de dinheiro roubado”. Outra manchete dizia: —"Após trocar tiros com policiais, terrorista foge levando saco de dinheiro”. Então, terminei de tomar meu café, chamei um taxi e fui para a rodoviária pegar o ônibus para voltar para minha cidade.