O CARDO E O TRIGO

Por que você não usa arma como eu?

Perguntou o Cardo ao Trigo tão quieto,

Veja as pontas destes espinhos meus,

Se me ataca um inimigo, eu os espeto.

Acho que você está certo em ficar calado,

Esconde sua covardia ao não dizer nada

E não precisa manter o inimigo afastado

Nem necessita como eu de uma espada.

Não me preocupo se tenho inimigos,

Respondeu o trigo com tranquilidade,

Opiniões próprias eu as tenho comigo,

Se ideias divergem, não vejo maldade.

Quando um vizinho deseja conversar,

Não deixo de emitir o meu pensamento,

Mas se o outro não quer, prefiro me calar,

Nunca imponho o meu entendimento.

Fanáticos espalham doutrinas malucas,

Impõem como verdade sua alucinação,

E age com violência, essa gente caduca,

Destruindo quem rejeita sua doutrinação.

O diálogo que é um compartilhamento

De opiniões, muitas vezes diferentes,

Só acontece quando há discernimento

De que sempre aberta deve estar a mente.

Aberio Christe

(Baseado na fábula homônima de Jonathan Birch)