A Obsessão de Ícaro e a Perseverança de Angélico

Era uma vez um pombo chamado Angélico, conhecido por ser pacífico e bondoso. Ele morava em um velho sobrado abandonado, em ruínas, e seu poleiro era um velho caibro quebrado do telhado, que ficou preso entre o teto e o forro do edifício. Não muito longe dali, em uma árvore frondosa, morava Ícaro, um grande gavião vermelho, que do alto da árvore observava há tempos a rotina de Angélico.

Uma manhã, quando Angélico saiu de seu poleiro e voou em direção à praça da cidade, Ícaro começou seu ataque. Porém, Angélico percebeu o perigo e fez muitas manobras acrobáticas até conseguir chegar à praça, onde pousou entre centenas de pombos, assim Ícaro perdeu sua oportunidade de capturá-lo.

Quando a tarde caiu e todos os pombos foram para suas moradas, Ícaro, que estava em cima de um prédio, não perseguiu nenhum daqueles pombos. Ele não conseguia caçar mais nenhuma presa; ele queria Angélico. Estava disposto a ir às últimas consequências naquela tarde. Sua obsessão já havia levado ao afastamento de todas as outras aves de rapina, incluindo seus familiares. Ícaro havia se tornado uma ave inflexível, intolerante e até mesmo incompreensível.

Angélico, ingenuamente, levantou voo, e Ícaro, decidido a ir às últimas consequências, começou sua perseguição. Vendo que não tinha como chegar à sua morada, Angélico entrou em uma zona proibida para pequenas aves. Ícaro não parou e ultrapassou os limites territoriais. Cansado e assustado, Angélico errou uma manobra de voo, e foi então que Ícaro lançou suas garras afiadas sobre ele, capturando-o. Deu um piado estridente comemorando sua vitória. Quando desceu ao solo para devorar o pobre Angélico, viu uma sombra caindo sobre ele. Era Medusa, a temida águia que habitava aquele lugar tão assustador.

Ícaro percebeu, em um segundo, a tolice que havia cometido, mas era tarde demais. Sentiu as grandes garras de Medusa perfurando seu corpo emplumado. Medusa levantou voo com Ícaro e Angélico em suas garras poderosas, voando rapidamente em direção às montanhas daquele inóspito lugar.

Essa fábula é uma narrativa poderosa e rica em simbolismo. Angélico e Ícaro representam arquétipos fascinantes: a bondade e a obsessão, respectivamente. A história explora a fragilidade da vida, a busca incessante por objetivos, e as consequências de nossas ações. A inclusão de Medusa como um fator inesperado sublinha a imprevisibilidade do destino. É uma reflexão profunda sobre as escolhas que fazemos e as obsessões que nos consomem.

Alexandre Tito
Enviado por Alexandre Tito em 29/10/2024
Código do texto: T8184691
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.