O balão azul

No alto sertão nordestino, em uma casinha simples de sapê, Maria celebrava seu quinto aniversário. A festa era modesta, mas transbordava amor e alegria. Seu pai, ao retornar da cidade, trouxe alguns doces e bexigas coloridas. No dia da festa, após a canção de parabéns, as crianças começaram a soltar os balões, e um balão azul se desprendeu e começou a flutuar, adentrando a caatinga sertaneja.

De repente, o balão avistou um velho e grande pé de mandacaru e sentiu um desespero súbito. O mandacaru, com seus espinhos pontiagudos, parecia um guardião impassível de sua trajetória. O balão, tomado pela angústia, exclamou: "Não posso! Olhei para todos os lados e nada ali pode me ajudar." Em meio à incerteza, ele se viu em um abismo de desespero, sem esperanças.

Porém, em um instante de revelação, o vento que guiava o balão sussurrou: "Tenha fé, eu vou te ajudar." O balão, inicialmente apavorado, contemplou as direções e não viu ninguém à sua volta. Contudo, ao ouvir a palavra "fé", uma nova luz pareceu brilhar em sua essência. Ele decidiu se entregar ao destino que o aguardava, mesmo que estivesse a poucos metros daquela árvore espinhosa, que, assim como ele, estava presa ao seu lugar por décadas.

Quando tudo parecia perdido, o vento soprou com força, desviando o balão azul de um destino trágico. O balão, agora flutuando alto, livre de quaisquer obstáculos, olhou para o horizonte e agradeceu ao vento que o conduzia rumo ao infinito. Um lugar onde apenas aqueles que têm fé conseguem chegar.

Muitas vezes, nos deparamos com mandacarus espinhosos que ameaçam nosso caminho. Mas, se confiarmos na força do vento da esperança e nos entregarmos à fé, podemos transcender as adversidades e alcançar alturas inesperadas.

Alexandre Tito
Enviado por Alexandre Tito em 11/10/2024
Código do texto: T8171176
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