Nuvem de algodão
Era uma vez, num povoado bem distante, uma menina que sonhava voar, vez ou outra subia nas árvores, no lugar mais alto, e mesmo a contragosto da mãe, se lançava com suas asas de papel...
- Desce daí menina, vai ralar o joelho...
A menina fingia não ouvir, se desse certo, aquela hora poderia ser mágica, e voaria tão alto, que traria um pedacinho de nuvem para a mãe.
Infelizmente, como das outras vezes, a menina não voou, se estatelou no chão, o joelho ficou ralado, mas, ela em seu orgulho infantil, saiu mancando, mas, não chorou.
- Vem cá, deixa ver esse joelho, está sangrando. Qualquer hora teus ossos não aguentam...
A menina sonhava acordada, mas, era dormindo que tudo se transformava, criava asas de verdade, como as de passarinho, e do alto ela via o povoado, e as pessoas não riam mais dela, ficavam boquiabertos, enquanto subia, subia...
E todas as vezes que voltava com um pedaço de nuvem, acordava. E entre tristeza e alegria, ela ria, e não contava seu segredo para ninguém.
Um dia procurando umas de suas bonecas, encontrou uma caixinha, cheia de algodão, e saiu correndo...
- Mãe, mamãe, olha só, eu trouxe do céu, numa noite dessas, uma nuvem bem branquinha, está aqui; pega mamãe.
A mãe sorrindo abraçou a filha, guardou a caixinha, agradecida pelo presente, e despreocupada; pelo menos até o próximo sonho da filha...