A Rosa e o Pulgão

Em um jardim exuberante, onde a beleza e o perfume das flores encantavam todos que passavam, havia uma rosa deslumbrante. Suas pétalas vermelhas encantavam os olhos dos jardineiros, ao sol exalavam um aroma inebriante. No entanto, escondido entre suas folhas, vivia um pulgão, pequeno e insatisfeito, que decidiu desabafar com a rosa.

"Querida rosa," começou o pulgão, "por que o jardineiro te admira tanto e a mim só odeia? Eu também sou uma criatura viva, tenho minhas necessidades e minhas funções. No entanto, sou sempre perseguido e esmagado sem piedade. Sinto um profundo ciúme ao ver como ele cuida de você, enquanto eu sou tratado como um vilão."

A rosa, ouvindo as lamúrias do pulgão, respondeu com uma voz suave e filosófica:

"Ah, meu pequeno amigo, você se engana ao pensar que a admiração do jardineiro é algo tão maravilhoso. Veja, sou admirada principalmente pela minha beleza, que você atrapalhar e o jardineiro lhe persegui porque quer eu fique cada vez mais linda. Não é pelo meu perfume que

ele cuida de mim é pela minha beleza que lhe dará mais lucro. As noivas me seguram com orgulho em seus bouquets, mas assim que a cerimônia termina, sou esquecida em um vaso com água, relegada a um canto qualquer. Sou lembrada apenas quando murcho, e precisam se desfazer de mim."

A rosa fez uma pausa, suas pétalas movendo-se suavemente com a brisa, antes de continuar:

"Nos velórios, sou disposta em grinaldas e coroas, enfeitando a sala funerária. Quando chega o momento do sepultamento, algumas de nós são colocadas junto ao féretro, enquanto outras são lançadas sobre o túmulo, expostas ao sol escaldante. Morremos antes do cair da tarde, secas e sem vida."

"Muitas vezes, as rosas são cultivadas por mulheres e homens cheios de orgulho, que usam nossa beleza para enfeitar seus jardins e assim provocar a inveja de seus pseudos amigos. Só as borboletas e os colibris são nossos amigos, quando estamos no nosso ambiente natural, nos campos e nas florestas."

"Perceba, querido pulgão," a rosa prosseguiu, "no fim, tanto você quanto eu compartilhamos o mesmo destino. Somos efêmeros, passageiros neste vasto jardim. Sua existência, embora desprezada pelo jardineiro, é tão significativa quanto a minha. Afinal, somos um só. Um dia, quando sairmos daqui, você compreenderá que as rosas e os pulgões têm o mesmo destino."

O pulgão, tocado pelas palavras da rosa, refletiu em silêncio. Talvez a admiração que tanto invejava não fosse assim tão desejável. E assim, em meio à beleza efêmera do jardim, ele encontrou um novo sentido para sua existência, aprendendo a aceitar seu papel e destino na grande tapeçaria da vida.

Alexandre Tito
Enviado por Alexandre Tito em 24/06/2024
Reeditado em 24/06/2024
Código do texto: T8092611
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