Dentro de mim, não, da baleia - BVIW
Tema: Dentro de mim
Então, a baleia engoliu Pinóquio. E ele, que não podia mais mentir para ninguém, uma vez que vivia só, dentro da baleia, mentia para si e seu nariz continuou crescendo. Mentia para si sobre sua terrível situação. Que não faria atividade física porque estava frio, enquanto ficava deitado de perna pro ar sobre o estômago da baleia. Que o coração da baleia parecia mais uma grande banda de forró, com o som poderoso da zabumba. Que o sol nasceria de novo, depois daqueles mil dias de escuridão. O nariz foi crescendo, crescendo, até fazer muitas cócegas na baleia. Ao passear pela garganta, a baleia pensou que havia engolido um espinho de peixe, tossiu e expulsou Pinóquio com nariz comprido e tudo mais. O menino nadou até a praia. Ele deu tanta sorte na vida, que estava perto de casa, na Itália. Na areia da praia viu Gepeto, ajoelhado e rezando a Deus que trouxesse seu filho de volta, como fazia todas as manhãs. Correu para ele e o abraçou vigorosamente, um abraço cheio de saudade e emoção. Gepeto olhou-o nos olhos e viu que o nariz havia crescido ainda mais. Não criticou-o por isso, a saudade estava grande demais, a gratidão a Deus, maior ainda, a alegria, sufocante! Pegou o menino no colo que agora não parava de contar tudo que viu dentro da baleia, sempre aumentando um ponto. Pé de pato, pé de pinto, quem ouviu essa história que conte cinco!