O pulo do sapo.
Próximo a uma lagoa que ficava em uma campina encharcada e verdejante, morava um sapo, o habitat do batraquio era cheio de taboas, juncos, aves aquáticas, insetos e outros anfíbios. Ao cair da tarde, o batráquio saía da sua cama de capim e ia buscar alimentos, como vaga lumes, mariposas e outros insetos noturnos. Às vezes, algumas marrecos cruzavam com ele. Os marrecos hostilizava o sapo, zombando dos pulos que ele dava.
Quando o dia estava amanhecendo e o sapo estava voltando para sua casa, os marrecos estavam lá, esperando o pacífico cururu para assediar o pacato anfíbio das costas bordadas. O sapo se sentia perseguido por aquele grupo de marrecos desocupados e barulhentos.
Uma capivara que vivia naquela várzea percebeu que aquele anuro estava sendo molestado e resolveu interferir. A princípio, os marrecos negaram; então a grande roedora do charco chamou o sapo para uma acareação. Chegou o momento em que os marrecos e o sapo ficaram cara a cara, tendo a capivara como juíza. Então ela perguntou ao sapo o que vinha acontecendo.
O batráquio disse: "Eu me sinto molestado, sofro abusos e assédios que afetam a minha integridade emocional e psicológica. Esse tipo de abuso que sofro por parte dos marrecos não é físico. Esses ataques me causam sofrimento mental e emocional. Não sei por que sou humilhado assim, já que tenho uma vida reclusa."
A grande capivara perguntou aos marrecos: "O que vocês têm a dizer em suas defesas?"
Um dos pequenos patos se apresentou como o advogado de defesa e disse: "Todos os animais aqui do brejo andam normalmente, já o sapo e todos os seus parentes pulam, não andam com elegância. Então nós apenas estamos tentando alertá-lo para que ele aprenda a andar como qualquer animal do pântano."
A capivara olhou para o sapo e disse: "Meu querido amigo, por que você não anda normalmente como qualquer animal aqui do charco?"
O sapo disse com toda tranqüilidade: "Minha nobre defensora, eu não pulo porque quero afrontar os animais do brejo, nem porque sou deficiente. A mãe natureza me deu pernas traseiras longas para fugir de predadores como os marrecos que já tentaram muitas vezes me pegar, e me da impulso para atacar minhas presas. Eu não pulo porque acho bonito, eu pulo por necessidade."
Os marrecos entenderam e pediram desculpas ao sapo. E depois daquele dia, a vida do anuro voltou ao normal naquele belíssimo lugar.