Meu coelhinho azul.
No país de sonhos e fantasias abriu-se um concurso de orelhas,
claro que o elefante quando ouviu esta notícia logo saltou,
-Já ganhei, já ganhei, gritava ele eufórico por entender
que nenhum outro o iria superar no tamanho das suas orelhas.
A girafa por sua vez argumentou, -Não...a predileta sou eu, já viram a minha altura?
as orelhas mais altas do mundo são as minhas, o resto são rasteirinhas.
E enfim toda a bicharada se achava o favorito.
Era uma euforia total, todos queriam vir a ganhar este concurso,
virou fofoca de floresta, tal não era a algazarra.
No meio de tanta excitação criticou o peludinho,
o coelho azul,- Tanta fanfarronice,
mas afinal por quê tanta festa e vaidade??
ninguém lê as letrinhas pequenas.
Toda a bicharada se voltou para o panfleto, uns se tapavam aos outros,
afinal na realidade apenas leram, "concurso de orelhas".
mas olhando com atenção afinal há outro objetivo do evento.
"...as orelhas mais originais", era o que pesava no escrutínio e votação,
Foi uma desilusão, todos correram a procurar a originalidade
de suas orelhas, uns colocaram brincos, ouros argolas, outros fizeram tatuagens,
O coitado do coelhinho azul ficou perplexo, o que poderia fazer para mostrar originalidade?.
No dia dos juristas analisarem a orelhada de bicharada, foi uma festa.
Todos abanavam a orelhada, os espetadores se agruparam para assistir,
os animaizinhos que não apresentavam orelhas salientes, e eram muitos,
não entraram no concurso. O júri viu e reviu, esticou e espreitou, berrou e sussurrou.
Quem viria a ganhar...o coelhinho azul.
Todos se questionaram o porquê deste escrutínio? Com tantas orelhas vistosas,
grandes e redondinhas, bicudas e enrrogadas, e afinal o coelhinho lá limpou a taça do prémio.
-Porquê este sortudo nos passou a perna a todos?, perguntou o morcego que é legitimo de umas
orelhas de respeito, em relação a seu porte, óbvio.
- Ouvi dizer que foi a originalidade, a sua cor de azul se diferencia. Retorquiu a raposa,
portadora de umas das mais sensíveis audições.
-Azul....! mas não é a sua cor, corrigiu a jerboa-de-orelha-longa, ele era bem pretinho
antes de cair dentro da barrica de calda de sulfato do sr. Leopoldino , lá na quinta.
E assim sem querer o coelhinho azul, que era preto, com as suas orelhas
originalmente azuis ganhou a taça dos orelhudos.