AMIGOS INSEPARÁVEIS E A O APARECIMENTO DA LONTRA- 4º conto-fábula
Não sei bem se ela veio à noite ou ao amanhecer. Depois que chegou não tinha o que fazer. Bicho bem estranho, liso e molhado. O cão faísca a viu primeiro e ficou descontrolado. Correu e foi chamar a gata Felícia e o gato Tigrão para ver a confusão.
“Venham logo seus molengas, tem um bicho diferente chegando perto do tanque de peixes. ”
A gata Felícia muito preguiçosa e desconfiada logo deu uma reclamada:
“Faísca, meu amigo, adoraria ir contigo, mas estou acordando e se é para correr perigo, que eu corra só sonhando. ”
O gato Tigrão mais animado levantou-se interessado:
“Vou com você, amigo Faísca, ver se a gente consegue espantar esse bicho malandro. ”
O cão Faísca já sabia que o dono não viria pois estava acamado. A dona e a cria estavam morro acima conferindo todo o gado. Latia sem parar, corria para lá e para cá, meio que desesperado.
“Vamos logo meu amigo, os peixes estão em perigo à mercê do inimigo. ”
Correram mais rápido que puderam, mas quando chegaram já viram o estrago. O bicho em questão era uma lontra. Havia entrado no tanque para comer um montante, mas não contava com o acidente de esbarrar logo na boia que controlava a saída e entrada da água. Deu azar e ficou presa, pensava sair ilesa e agora estava em péssimas condições, com certeza. Unhava e tentava a todo tempo uma jogada para ver se a mureta alcançava. Nada dava certo, cansada e esgotada, nervosa ela ficava e aos peixes ela matava. Nem era mais para comer, não conseguia se conter, a raiva transbordava:
“Não se aproximem, entrei e não consegui sair, ajudem-me a conseguir. ” E ela falava meio engasgada.
Quando o cão Faísca ali chegou presenciou o horror de ver os peixes assassinados.
“Tigrão, olha isso, esse bicho esquisito e sem compaixão matou nossos irmãos. ”
O gato Tigrão chegou mais perto, também ficou chocado com a cena que presenciava.
“Credo, que bicho mal, matou por matar, por raiva e por preso aí ficar. Merece um castigo, que seja banido e proibido de pescar. ”
Nisso chegou a dona e seu filho, viram a correria do Faísca e dos amigos. Largaram os apetrechos que carregavam e foram verificar.
Chegaram bem perto e bem boquiabertos as mortes ficaram a lamentar. Olharam para a lontra, assassina confessa, por mais que procurassem sentir raiva, ao bicho perdoaram.
Os peixes já estavam mortos, não restara nenhum, corpos dos peixes boiavam um a um.
Para o dono não saber pois a lontra iria matar, voltaram correndo e a escada vieram trazendo.
Apesar de discretos, o dono em alerta vinha atrás de muletas, mas atento. Chegou até o tanque e a lontra tentou matar. Mas como estava convalescendo, estava bem fraco, não conseguia acertar.
Graças a Deus que a dona e o filho, muito condoídos, convenceram a não matar.
Quanto mais ele tentava a força se esgotava e a lontra mais raivosa ficava. Rosnava e unhava, bem enlouquecida, acuada e temendo por sua vida.
O cão Faísca latia incansavelmente, o gato Tigrão olhava bem descontente e a gata Felícia chegava finalmente:
“Nossa, que bagunça! Quanto peixe ela matou, será que algum sobrou? ”
Tigrão bem estressado, já estava lado a lado, e em círculo pôs-se a andar:
“Minha mãe esse bicho é muito perigoso, bem horroroso, mantenha distância para ele não nos pegar. ”
A gata Felícia comovida, olhava os donos se afastarem.
“Os humanos estão tristes, perderam todos os peixes, nenhum para salvar. ”
Faísca falava inconformado:
“Parece brincadeira, essa lontra traiçoeira, todos conseguiu eliminar. ”
A dona e seu filho já voltavam com o carrinho, balde e a enxada. Primeiro puseram a escada para que a lontra pudesse escapar. Apesar do desânimo pelas perdas acreditavam que a lontra seguia sua natureza. A lontra então saiu, correu, fugiu e por muitas semanas ninguém nela ouviu falar.
A dona pela escada então desceu, o balde encheu e subiu para a seu filho entregar. E fez isso tantas vezes que nem mais conseguia contar. Terminaram a retirada e aos mortos foram enterrar. O filho furara um buraco bem fundo para os peixes colocar.
Os amigos inseparáveis presenciaram toda a cena e lamentaram que o dono à lontra não tivesse conseguido matar.
Não sei se essa compaixão pelo animal foi um bem ou um mal. Logo o vizinho veio informar que seus peixes uma lontra estava a matar...