NO JARDIM DA INOVAÇÃO

Um determinado executivo deu à luz um mini jardim anexo ao setor que ele gerenciava. Com certo pudor o jardim vingou a vista de curiosos e indiferentes à novidade do ambiente.

O líder inspirava-se ao ver seu projeto brotar, pois surgia um espaço para os funcionários do setor libertarem-se da rigidez da rotina e refrescar por uns minutos os pensamentos, e como era sua intenção, permitir as tão almejadas ideias inovadoras. O bom e o útil foram delicadamente plantados naquela paisagem. Entretanto, um estranho pássaro dotado do poder de embotar os pensamentos e de torcer a verdade, sorrateiramente fez morada no jardim.

A tal ave soprava na consciência de todos do setor: - “Só os de má vontade e os não responsáveis com o trabalho desperdiçam tempo neste espaço de deleite aos olhos e refrigério para o cérebro. Afinal isso é coisa de ocioso”. O alienado que ali pusesse os pés durante as horas de sol sentia-se um candidato a olhares acusadores, pois estaria propagando irresponsabilidade e negligência com a produtividade. Astutamente, dada a rara presença e atenção do gerente, um pacto silencioso de evitar o jardim desenvolveu-se entre a sinistra ave e os funcionários. Um dos pardais contou-me que o nome do gerente seria Adão.

Assim, vazia de suas potenciais mentes inovadoras, vivia a natureza daquele jardim. Apenas pardais ousavam desfrutar daquele minúsculo horto com a alegria e leveza dos que sabem quem são e como devem viver. Apesar de tudo, o mini jardim que nasceu livre como os pardais, viveu feliz, mesmo sabendo que ruiu seu propósito de converter mentes cansadas em férteis terrenos de idéias inovadoras. Aos poucos, até mesmo o senhor Adão que fortuitamente por lá aparecia com passadas rápidas e preso ao celular, tornou-se uma presença invisível.

Parece que a essência e o destino de pessoas livres é semelhante a dos pardais. Formam-se, crescem e cumprem seu propósito com leveza e liberdade. Estes pardais e pessoas sabem que são cuidados pelo Criador deles, de tudo, e de todos. Porém, os que não sabem quem são, sob melancólicos preconceitos, sempre terão as sombras do jardim, pois ao menos estarão em um palco para encenarem o que não são.