O JARDIM DA D. CARMEM – EPISÓDIO 7 – NATAL NO JARDIM

D. Carmem havia viajado para o interior com sua família, pois, era Natal. Portanto, toda a casa, inclusive o jardim, ficariam livres por algum tempo. E assim, os insetos estariam mais à vontade para se divertir.

A Libélula esvoaçante ia passando pelo pé de amoras quando viu o senhor Louva-deus fazendo sua refeição matinal. Como de propósito, resolveu atrapalhar dando-lhe um susto:

- Nem convida os amigos para rangar também, né guloso! – Falou quase gritando mesmo na hora da segunda mordida do coitado.

- Aiiii! Só poderia se você para atrapalhar minha humilde refeição. – Respondeu todo sem graça e chateado com o susto.

- Deixa de drama, nem viu quando cheguei de tão concentrado que estava. Estou de passagem. Vim saber como andam as coisas por aqui. – Pousou na mesma galha do amigo. – E sei que não adianta perguntar nada para você, por isso, vou indo. Bye, bye !!

Seguiu seu caminho cantarolando e reparou que àquela hora da manhã o chão estaria todo molhado, mas por alguma razão, não estava. Mais adiante encontrou D. Aranha tecendo suas teias maravilhosamente bem.

- Como vai a Aranha mais bonita deste jardim? – Disse todo entusiasmado.

Olhou de lado sem dar muita importância ao visitante que somente aparecia para fofocar.: - Olá Libélula, quanto tempo hem! Veio saber das novidades, como sempre? – Foi logo soltando umas indiretas.

- Que que isso, estais dizendo que sou fofoqueiro? Que consideração! Venho com tanto carinho e me tratas assim.

- Deixa de drama visse, não tem graça! – Deu sua chamada e continuou a tecer suas teias.

- Poxa vida, vim porque você e os outros são gente boa e tive saudades. E também é Natal, tempo de paz. – Olhou para ela todo vitimista.

D. aranha teve dó dele e realmente teria que concordar com ele. É Natal e...

- Meu Deus, meu Deus! Bem lembrado; preciso ir ali urgente. Tchau! – No desespero, despediu-se da Libélula e saiu equilibrando-se em suas teias. Lembrou-se que teria que organizar a festa de Natal e restavam apenas dois dias. “Como posso ter esquecido?”

“Eu hem, depois dizem que o maluco sou eu!” Pensou a Libélula em voz alta e saiu cantarolando pelo.

Enquanto isso, do outro lado do Jardim, um grupo de Vagalumes machos estavam discutindo sobre questões amorosas. Nesta temporada as Vaga-lumes fêmeas resolveram ficar no bosque, e esta decisão não agradou muito aos machos.

- Ei, o que vamos fazer sem as Vaga-lumes, agora? – Perguntou o vaga-lume alfa, líder do grupo.

- Vamos para o bosque também! Vocês sabem que sem elas não poderemos acender nossa bioluminescência neste Natal. Não teremos ninguém para atrair com nossas luzes. -Respondeu o irmão do líder do grupinho.

- Boa ideia!

- Isso!

- Exatamente!

E assim o falatório começou. Cada um que desse a sua opinião. Uns concordava em ir, outros não queriam deixar o jardim. Em meio a toda confusão, o líder decidiu por uma votação. Os mais velhos contra os mais novos. E assim foi feito. Decidiram por votação que iriam para o bosque em busca das fêmeas.

Enquanto se preparavam para irem atrás das Vaga-lumes fêmeas, D. Aranha estava conversando com a equipe que ela arranjou para ajudá-la com festa de natal.

- Você não deveria ter esquecido de um momento tão importante, Aranha. – Exclamou a Abelhinha aflita, pois, o tempo era curto. Tinham que agir.

- Eu sei, eu sei! Vacilei feio. Mas, se fomos organizados, dará tudo certo. – Disse toda otimista. – Primeiro teremos que entrar em contato com restante do pessoal o mais rápido possível.

- Temos um problema! – A joaninha exclamou bem apressadinha. – A Senhora D. Carmem que cuida do nosso habitat não está. Sumiu. E isso significa que não teremos as luzes coloridas que ela sempre coloca nas flores todos os anos. O jardim está no completo escuro. – Falou por fim, apavorada.

D. Aranha, Abelhinha, Borboleta, Beija -flor Carminha, todas ficaram alguns instantes paralisadas. Até que Abelhinha teve uma ideia:

- Já sei, irei falar com meu amigo Vaga-lume do outro lado do jardim. Pedirei para que ele convoque sua turma para dar uma ajudinha, iluminando todo o Jardim na noite de Natal. O que acham?

- Ótimo! O problema agora é como você chegará em pouco tempo do outro lado do Jardim? – D. Aranha falou numa aflição só.

- Simples! Pegarei uma carona com a beija-flor Carminha e assim conseguiremos chegar a tempo.

Imediatamente, ela subiu na Beija-flor e seguiram voando para leste do Jardim. D. Aranha ordenou a Joaninha que convocassem todas as abelhas-operárias do jardim para prepararem um precioso banquete. E ela pediu ajuda as outras aranhas para ornamentar com as suas teias.

Nesse meio tempo os Vaga-lumes já estavam marchando rumo ao bosque, quando escutaram uma voz familiar. Pararam e viram que era uma beija-flor com uma abelha a tira color. Nisso um deles reconheceu sua amiga Abelhinha e foi ao seu encontro. E falou:

- Olá, precisamos da sua ajuda! – Explicou quase sem fôlego sobre a situação toda ao amigo.

- Estamos indo ao encontro das Vaga-lumes fêmeas. Nossas bioluminescências só funcionam junto das fêmeas. E elas resolveram ir justamente para o bosque. Por isso estamos indo atrás delas.

- Por favor, vocês participaram de outras festas e sabem que são muito boas. Fale com seus amigos e nos ajude a fazer nossa festa de Natal. Implorando observou quando ele foi ao encontro do enxame de Vaga-lumes. Demorou uns dez minutos para dar a resposta.

- Bem, amiga, o problema é que as fêmeas precisam estar aqui. Sem elas torna-se impossível acendermos nossas luzes. Precisamos delas aqui. – Justificou com dó da situação.

- Podemos ir com você até onde elas estão e convencê-las a ficar aqui no jardim. Vocês aproveitariam a festa e a companhia de delas. – Terminado o argumento da Abelhinha, os outros vaga-lumes esperavam, o trio (Abelhinha, Vaga-lume e a Beija-flor) que foi até o bosque na esperança de poder influenciar as Vaga-lumes fêmeas a voltarem para o Jardim da D. Carmem.

Apressaram-se, mas só chegaram ao local no dia seguinte e logo de cara ouviram Cigarra cantando em uma árvore próxima a entrada do bosque. Preguntaram a ela se tinha visto algumas vaga-lumes passeando pelo bosque.

Apontou para uma árvore próxima a sua. – Elas estão lá. Podem ir sem medo. – E continuou cantarolando.

Seguiram animados. Mas somente o Vaga-lume aproximou-se delas. Após o diálogo chegaram a um acordo e voltaram com eles para o jardim. Abelhinha curiosa quis saber qual acordo ele fez para convencê-las:

- Prometi a elas que vocês farão um tremendo banquete de lesmas ao molho de caramujo. Desculpe-me a ousadia! – Disse todo determinado. Não tinha outro jeito a não ser, fazer o que ele sugeriu. E assim, voltaram apressados para concluírem as tarefas para a grande festa de Natal.

Com as orientações da D. Aranha, todos fizeram o seu melhor deixando o Jardim florido e cheio de teias ornamentais que as outras aranhas fizeram. O banquete organizado pelas abelhas operárias, ficou saboroso e esplêndido. E por fim cada Pirilampo-macho foi encaixado em diversas folhas formando um desenho de uma linda árvore de Natal, enquanto as fêmeas ficaram espalhadas, sobrevoando e passando pelos vaga-lumes machos para as luzes começassem a piscar, iluminando todo o jardim.

E assim, a magia do Natal reinou em todos os seres do Jardim da D. Carmem, ao som da Cigarra, das corujas e dos girinos da lagoa próxima, todos dançavam e se divertiam na sublime noite de Natal.

Debora Oriente
Enviado por Debora Oriente em 16/11/2023
Reeditado em 03/01/2024
Código do texto: T7933256
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