Dias de vento
-De onde vem o vento?
Perguntou ao peixe o rato.
-Depende de qual vento falas - Indagou o peixe a beira do rio.
-O vento que é como o tempo, abre as portas e as fecha, depende da sua intensidade, do seu sopro.
O peixe então respondeu - O vento vem do sul, das colinas mais frias, da montanha mais alta de toda a sua vida - O peixe falava com uma voz firme e grossa, seus olhos esbugalhados não demonstravam sentimentos e personalidade, muito menos piscavam.
-O vento é grosso, pode ser duradouro ou efêmero.
-Bobagem! - Falou o peixe com rispidez - Se soubesses como é o vento ou como ele pensas, não falaria oque não sabes. O vento é o mensageiro do tempo, tão quanto da morte. O vento é absurdo, frívolo e lento, se não fosse, não teria tantas personificações.
O ratou repousou, voltou a pensar no vento - Se o vento é ele quem venta, ele é vento, pois me perpassa muito ligeiro assim como o tempo, que me mata a cada dia, que passa ou não o vento - O peixe cansado de dar explicações mergulhou, voltou ao rio, pois um peixe mal sabia ou saberá quem de fato é o vento.