Maria, a rãzinha cantora
Desde que nascera, morava numa lagoa linda, verdinha, vegetação nativa, gosmenta por conta das
folhas que caíam. Vivia no meio de variadas rãzinhas, adorava cantar, cantava daqui, cantava daqui, cantava, cantava, cantava sempre. Todas as noites cantava.
O que muitos não sabiam era que Maria, a rãzinha, tinha um grande sonho, um grande desejo, queria ser cantora, almejava com todas as forças cantar mundo afora pela vida e, quando anoitecia, começava a coaxar:
Lá lá lá, lá lá lá lá lá.
E assim a vida seguia.
Maria rãzinha estava obcecada pelo desejo de ser cantora, mas tem uma coisa que ainda não contei.
Sempre que podia, ia a programas de televisão cantar, implorava por uma oportunidade, mas, na
grande maioria das vezes, quando começava a cantar, passava por situações embaraçosas, o público zombava
dela quando abria a boca para cantar. Mesmo assim ela não se calava, continuava a cantar:
Lá lá lá, lá lá lá lá lá.
Um dia foi se apresentar num programa de calouros onde os jurados eram um burro, um cisne e um
pintinho. Abriu a boca e começou a cantar:
Lá lá lá, lá lá lá lá lá.
Novamente foi ridicularizada. Por conta das zombarias e dos vexames, por desafinar um pouquinho, os
jurados não tiveram dó, usaram de extrema grosseria ao julgá-la.
O cisne, com muita rispidez, disse para nossa amiguinha:
Por favor, entenda, a senhora não tem vocação nenhuma para ser cantora.
O burro, zurrando, complementou:
Minha filha, vá fazer outra coisa da sua vida, você não canta nada, é um desastre.
Maria rãzinha ficou muito triste, abaixou a cabeça e saiu aborrecida. Fora reprovada.
Quando estava saindo do programa, encontrou o Sr. Grilo, que lhe disse:
Minha amiga, não escute os maus conselhos daqueles que não sabem nada da vida, não desista de
cantar, faça como eu, cante mundo afora, cante para a lua, cante para as estrelas, cante para o mar, para os
amiguinhos a sua volta, mas cante, não pare de cantar.
Maria rãzinha pensou bem e disse: “Agora vou ser famosa de verdade, vou cantar pro mundo todo”, e assim o fez.
Passou a cantar para a lua, para as estrelas, para os bichos que viviam nas matas, passou a cantar para os bichinhos dos lagos, correu para os mares e cantou também, cantou, cantou, cantou, cantou muito.
Continuou a cantar mais e mais e mais alto, só que agora não cantava em programas de calouros,
cantava para o mundo e todos a admiravam.
Cantava para a lua, cantava para as estrelas, que entendiam seu canto, e para todos os bichos da natureza, que diziam:
Nossa, que coaxar lindo, adoro ouvir essa canção.
Cantava todas as noites, cada vez mais alto e cada vez mais lindo.
Moral da História: Nem sempre as pessoas estão prontas pra você; então, não interrompa seus sonhos, sonhe e vibre alto. Você consegue.