O Escorpião a Tartaruga e o Sábio
Debaixo de uma árvore na beira de um rio, um velho sábio estava se escondendo do forte sol que lhe chegava desde os céus.
Uma velha Tartaruga se aproximou e observando o rio, iniciou o seu procedimento para tomar coragem de atravessa-lo.
O sábio notou também a chegada de um Escorpião com ares de pertencer a família dos velhacos de grande quilate.
- Bom dia, senhora Tartaruga. - disse o Escorpião.
- Oh, olá senhor Escorpião. - respondeu a Tartaruga lentamente dando um passo para longe do venenoso companheiro de conversa.
- Por um acaso, a senhora iria atravessar este rio caudaloso?
- Sim, eu tenho uns parentes a visitar lá do outro lado.
- Minha cara amiga, eu lhe agradeceria grandemente se pudesses me levar de carona ao outro lado. Sabe como é, nós escorpiões somos péssimos nadadores.
A Tartaruga muito cordial olhando para o sorriso ingênuo do escorpião concordou em prestar este favor ao peçonhento camarada.
Neste momento o sábio se levantou e foi até eles.
- Desculpe, nobre Tartaruga, mas eu lhe aconselho a não levar este Escorpião nas costas até o outro lado do rio. Este lhe picaria o pescoço e lhe mataria.
O Escorpião muito estupefato olhou o velho sábio, e muito prontamente buscou se defender.
- Ora, nobre senhor, se eu isto o fizer, a Tartaruga morrerá, sendo assim, morreria eu também, pois me afogaria. Portanto não há o mínimo risco de eu praticar tamanho disparate.
- Ora, senhor Escorpião. Não me tomes por incauto, sei bem que você praticaria ato tão ordinário sob a desculpa de ser esta a sua natureza.
O Escorpião com lágrimas nos olhos não cria que um sábio pudesse dirigir a ele tal imensa duvida.
- Escute, senhor. Sou um escorpião muito nobre, de família muito tradicional nestas paragens. Nunca nenhum escorpião da minha família usou de forma nociva ou matreira nosso veneno. Apenas em busca de nosso sustento usamos tal artifício.
- Oras, Escorpião de uma figa. Como pensas que poderá enganar um sábio como eu?
A Tartaruga impaciente, visto que já caia a noite, resolveu a pendenga.
- Ora, suba ai nas minhas costas, Escorpião. Se você me ferir com essa sua arma letal, como bem disse o sábio, eu me deixo morrer no meio do rio, e você poderá atravessar outro rio na companhia de Caronte.
O Escorpião subiu no casco da Tartaruga que entrou na água o mais rápido que pode, mais muito lentamente, já podemos lhe dizer.
O sábio contrafeito pegou suas coisas e foi embora.
Quando chegaram ao outro lado do rio, são e salvos, porém, molhados, o Escorpião e a Tartaruga resolveram recolher a súcia.
- Ora, veja você, dona Tartaruga. Como pode se denominar sábio um homem destes, que usa sua sabedoria para plantar discórdia.
- Qual... Não vê você que esses humanos são muito pouco sábios?
E se foram cada qual no seu caminho, uns mais sábios, outros menos...
O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.
Mateus 12:35