Vida Campestre
Um dia, como quase todos os dias,
Com a mesmice aconchegante em que
Se vivia, naquela cidadezinha, úmida e fria
Que até parecia que no tempo parado havia
Qual quer barulhinho estrado que se fazia
Até chamava atenção quando alguma coisa caía
E sim, era quase todos os dias muito fria e, exato
Por isso, de longe se via quando a fumaça saía
Bom dia! Era sem a mesma cotidiana cortesia
Boa tarde! Costume diário que a todos se fazia
Boa noite! Nunca faltava quem com apreço desejaria
Era o paraíso na terra, minha cidade, onde eu vivia.
Mas por influência de amigos, que de lá, nada conhecia
Resolvi mudar a vida, me mudando de fora para dentro
Saí da minha terra querida, minha casa e minha alegria
Para viver na selva de pedra, onde a paz tranquila já não havia
Veja que diferença! e isso drasticamente mudou minha crença
Aqui nada se iguala, desde o homem até as coisas, quão grande
E péssima diferença. A desconfiança está sempre no olhar das
Pessoas, e cada porta e janela é trancafiada de grades densas
Me senti um passarinho confuso, e mudo, sem saber pra onde ir
E por falar em passarinho nenhum som de canto livre pude ouvir
Bateu saudade de casa, que da janela do quintal, ouvia-se sempre
A qualquer hora do dia, o canto orquestrado de todos os passarinhos
Agora que se avizinha o medo dessa vida frenética e vazia daqui
Assevero que não fica nem mais um minuto, voltarei agora mesmo
a minha terra tão querida, viver a paz que Deus nos dera, pois que,
se alguém julgar a rotina ser um tédio, eu contudo, digo isto: prefiro
viver no paraíso com seus benefícios, em lugar de morrer na selva de edifícios