Deu zebra a festa promovida pelo urubu
Ele foi cauteloso nos convites. Afinal, era para comemorar seus 10 anos. Mas teve quem não visse com bons olhos. O leão foi um deles. O burro e o cavalo foram os primeiros a confirmar presença sem se darem conta que poderiam - como sempre foram, presas fáceis.
E cada um viu, egoisticamente, como tirar proveito. O pavão quis saber se a Globo registraria o evento. O urso pela oportunidade de abraçar alguém; a vaca, já destinada a ir pro brejo, não via chegar a hora do deleite; o touro queria ir antes de virar boi; a porca para mostrar por quem ela torce o rabo; seu marido, agora exigindo ser tratado por suíno, queria ler um manifesto (todo enlameado) contra os humanos - não quer mais pérolas e sim ração de qualidade; o cachorro a ensinar porque não se deve ir no mato sem ele e o jacu... - Espere. O relato do jacu fica para o final.
Após dias de reflexões o leão descobriu as reais intenções do urubu e encarregou a raposa (que sabe tudo sobre política de boa vizinhança) para alertar a bicharada. – O rei avisa que aquilo é uma verdadeira ‘cama de gato’. Tomem cuidado!
A gata entendeu o recado, mas o marido não. - Uma cama para mim? Claro que vou! E mesmo descansando, pegarei ratos para uma semana, refletiu o dorminhoco. O elefante, com sua boa memória, lembrou do que o urubu gosta e sentenciou:
- Nem a pau, Nicolau! Ele vai furar os olhos do cavalo, do burro ou de qualquer outro bicho burro e esperar que morram.
Uma semana depois do insucesso, o urubu cravou uma cruz à beira de uma grande pedra e esperou a sua morte chegar. Quanta fome!
E o jacu? Ele foi um dia antes da data marcada e conversou por longas horas com o anfitrião que, além de não lhe dar tanta atenção, murmurou: - Jacu é jacu! Finge saber tudo... Verdadeiro palhaço sem graça alguma.
Sem graça, mas vivo e sempre presente.