O COALA SURDO

 

Era uma vez, um pequeno coala surdo, seu nome era Jeremy. Estava feliz com a vida que passava no zoológico. Sua família de amigos era-lhe acolhedora, não tinha do que o que reclamar.

O zoológico era o seu lar, embora soubesse que sua origem não era daquele lugar. Fora forçado a deixar a África e a mãe por caçadores. No começo, foi difícil adaptar-se ao ambiente. No entanto, conseguiu encontrar conforto em Kelly, a gorila. Sempre que ficava assustado ao lembrar-se dos terríveis caçadores, ela lhe colocava em seu colo e o tranquilizava com um afetuoso abraço. Era a única que se importava com ele, aceitando-lhe do jeito que ele era, amava-lhe como seu próprio filho. Kelly criou-lhe com muito carinho e dedicação. Coala era agradecido, ganhara uma nova mãe. Ainda que o seu amor lhe deixasse feliz, uma situação deixava-lhe triste, ser diferente dos outros animais, não escutava ninguém. Tudo que queria, era uma oportunidade de escutar os sons à sua volta.

Certo dia, a mãe, ao perceber seu choro, quando ninguém olhava, aproximou-se dele e, em linguagem de sinal, falou:

– O que está acontecendo?

Coala, chorando, gritou:

– Porque não consigo escutar como os meus amigos! Por que sou diferente?

Kelly, ao sentir a tristeza do pequeno, abraçou-lhe e, na língua de sinais, disse:

– Às vezes, as nossas deficiências ajudam-nos a enxergar o mundo com outro olhar. Acha ruim não poder ouvir, mas já pensou naqueles animais que não conseguem enxergar. Eles são parecidos com você. Esses querem ter a visão de volta e você quer escutar os sons. Há muito tempo, viveu um coala gentil e surdo, na Vila Bambu. Seu pai era o xerife; a família cuidava-lhe bem e ele era respeitado por todos. Tinha um problema, a tristeza que o batia por pensar que a sua deficiência era um defeito. Uma vez deprimido, trancou-se por vários dias no quarto. A família estava triste pelo coala estar sofrendo; ninguém tinha ideia do que fazer para animar o seu astral.

A vila passou por um período de grande seca. O gentil coala achava-se um inútil. Tinha uma deficiência que não lhe fornecia nenhuma alegria, ao contrário, deixava-lhe raivoso por ter nascido assim.

– Coitado! – disse o pequeno – E o que aconteceu depois? E quanto a Vila Bambu? Vai ficar mesmo desse jeito? A deficiência é um fardo mesmo!

– Ou não, pois se não fosse por essa deficiência, ele nunca aceitaria a si mesmo. Depois de dias ruins, uma benção foi colocada, na Vila, no momento certo, quando um bando de lobos chegou para saquear os animais, chegou ao local um herói misterioso. Os bandidos lobos zombaram por ele ser surdo, um grave erro ao julgá-lo. Não esperavam que o bravo herói tivesse uma força incrível. Com sua privilegiada visão, notou as fraquezas de seus adversários e os bandidos ficaram assustados, ao notarem, que seus pontos fracos eram cócegas. O herói, com uma pena, derrotou um por um até que todos caíram ao chão. Quando sua identidade foi revelada, todos ficaram chocados! Era ninguém mais do que o coala gentil. Depois de descobrir as suas qualidades, ele voltou a sentir-se feliz e pronto para ajudar seus amigos. Todos choraram de alegria e compartilharam felizes, vários dias com o coala.

Os olhos do pequeno coala iluminaram-se ao ouvir a história do corajoso herói e, na língua de sinais, com empolgação, falou:

– Mamãe, a senhora acha que eu tenho chances de tornar-me igual a ele?

Kelly respondeu, docemente:

– Meu filho, você é ele, um pequeno herói corajoso e generoso!

Jeremy, finalmente, conseguiu sorrir. Ao ouvir a história contada por sua mãe, percebeu que sua deficiência não lhe impediu de ter amigos e uma mãe bastante presente. Por mais que quisesse escutar os sons, achou bom conseguir comunicar-se com a família através do amor. O pequeno, inspirado na história, passou a ajudar aqueles que têm deficiências e a olhar-lhes de outra forma.