A CORUJA E O PASSARINHO

 

No topo da mais alta árvore do bosque, a coruja Clarice, com seus olhos amarelos e penas cinza mesclado com preto, para uns era uma sua figura imponente; para outros, assustadora. Ninguém falava com ela. O isolamento a entristecia. Não gostava da solidão que a sua aparência lhe causava. Não tinha vontade nem de soltar seu famoso pio. Mais embaixo, vivia Lili, uma canarinha, que passava todas as tardes cantando. Voava ao redor de todo o bosque, não subia tanto; contudo, uma vez foi até à árvore onde Clarice habitava, ocasião em que a avistou chorando. Chegou bem perto para entender o que estava acontecendo. A coruja se recusou a falar. No outro dia, o pequeno animal voltou, mas, novamente, não obteve resposta. O passarinho repetiu esse trajeto por vários dias até Clarice contar o que lhe estava acontecendo. A grande ave engoliu as lágrimas e relatou o motivo do choro. Falou que não aguentava mais viver de maneira solitária e sentia que todos tinham medo dela por causa da sua aparência arrepiante. As duas conversaram bastante e, a canarinha lhe mostrou que apesar da sua aparência, ela demonstrava ser um ser sensível e querido. A partir desse dia, Clarice e Lili passaram a encontrar-se regularmente. Clarice nunca foi tão feliz, como estava sendo. Lili foi a primeira a não lhe julgar pela aparência e, sim, por sua personalidade. Essas saídas também lhe faziam bem. As duas, desde então, são amigas inseparáveis.

Moral da história: Não julgue ninguém pela aparência sem ao menos conversar antes.