O Rato e a Galinha

O rato saiu de noite pra roer a madeira doce do galinheiro. A galinha dormia docemente no puleiro. Ao perceber a presença do estranho a galinha acordou:

- Quem é ?

O rato em silêncio parou. A galinha insistiu:

- Quem está aí?

Silêncio. Imóvel o rato espera um instante, mas logo continua a roer a madeira.

- Quem é ? - Interrompe a galinha acordando as demais.

- Que isso Galinha Esperta? Por que acorda a gente? - perguntou a Galinha Vizinha.

- Estou ouvindo um ruído na madeira do galinheiro. Não está ouvindo também? - respondeu a galinha, perguntando em seguida.

- Ah não deve ser nada! Vá descansar!

- Impossível! Se o barulho não parar não conseguirei!

O rato ficou em silêncio. Após minutos de silêncio das galinhas, voltou a roer a madeira doce até ser flagrado pela galinha:

- Olha ali! Um rato! Ele está roendo a madeira do galinheiro! - gritou a Galinha Esperta.

- Nossa Galinha Esperta! É só um rato! Que mal ele iria fazer com a gente? - retrucou a Galinha Vizinha.

- Não sei, mas quanto ao galinheiro, temo que fique comprometido com esse rato roendo. Não seria bom tirar ele daqui ?

- Eu não posso. Está tarde demais e nem sei se ele tem medo de galinha... - respondeu desanimada a Galinha Vizinha.

- Já sei! Então vamos chamar o Galo! - opinou a Galinha Esperta.

- Galo! Galo! Galo! Um rato está roendo a madeira da coluna do galinheiro! Socorro! - Gritou a Galinha Esperta.

O galo veio correndo, com peito estufado e soltou um canto de meia-noite:

- Cu-curu-cu-cu! Que está acontecendo aí Galinha Esperta? Pra quê essa "cacarejicie"? - questionou o Galo com cara de bravo e incomodado com tanto barulho.

- Tem um rato roendo a madeira da coluna do galinheiro, Galo! Tire ele daqui!

O galo olhou pra galinha e disse:

- Ah, é isso que tá te incomodando? Ah, faça-me o favor... Ratos roem mesmo, oras! Vá dormir e não me incomode com isso, sua galinha chata! - respondeu o Galo.

Em silêncio, a Galinha Esperta tentou até imitar a Galinha da Angola, num "cocoricó" mais parecido com "tô-fraco tô-fraco", mas não comoveu ninguém. O rato riu e continuou a roer a madeira do galinheiro até o amanhecer.

Na outra noite, o rato voltou ao galinheiro e roeu mais e mais. Logo no meio da noite começou a chover. Com a chuva pesada do verão, o galinheiro ruiu e caiu. Os animais que ali estavam tiveram que sair perdendo os ovos que chocavam. E o galo que não quis espantar o intruso, machucou a perna. As galinhas ficaram encharcadas e sem os ovos que chocavam. Além disso, os pintinhos adoeceram ao molhar com a chuva. Tudo foi arruinado. O dono do galinheiro perdeu tanto com o prejuízo que decidiu comprar madeira nova para refazer o galinheiro.

Moral da história: quem subestima uma ameaça, não vê o preço das consequências do problema iminente. Não era apenas um inimigo. Era o inimigo subestimado quem tiraria a moradia de todos, causaria dor e sofrimento aos que ali estavam, além de causar danos aos que não estavam, mas cujo trabalho dependia daquele lugar e daqueles animais.

Glaussim
Enviado por Glaussim em 07/09/2022
Reeditado em 12/09/2022
Código do texto: T7600367
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