O menino que fazia xixi na cama

Seu nome era Pierre Esbravajah.

Sofria bullying de outros meninos por um motivo que demonstra a maldade reinante nas escolas.

É que ele tinha se matriculado na escola Respiro das Letras ainda no Jardim da Infância, junto com o irmãozinho.

Quando já estavam crescidinhos, o irmãozinho do Pierre dedurou-o após terem brigado em casa, ficando todos na escolinha sabendo que ele ainda fazia xixi na cama aos onze anos de idade.

Tiveram que levar o Pierre para o psicólogo. Isso foi preciso porque o pobre rico menino já acordava nervoso e gritando, olhando para o colchão:

— “Mijo...! Você é mau, Mijo...! E aí, Mijo, quando é que você vai me deixar acordar sossegado? ”

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O psicólogo conversou com professores do Pierre e chegaram à conclusão de que ele era um aluno que precisava passar por um processo de “transferência emocional”. Na reunião fizeram um levantamento e foi constatado que o menino Pierre sempre tinha sido bom de redação e dominava razoavelmente a língua portuguesa, bem como tinha certa habilidade com o teclado do computador. Restou então recomendado que ele fosse convencido a escrever no espaço literário (na verdade, também é uma Editora) conhecido como Recanto das Letras (na internet), onde ele poderia desenvolver habilidades poéticas e, assim, desabafaria a raiva que tinha de si mesmo e do irmãozinho. Teoricamente, ele deixaria de fazer aquele desabafo com a frase que gritava pela manhã e à noite. Só não era garantido que ele parasse de fazer xixi na cama.

Assim foi feito e o menino cresceu como um dos principais “poetas” do Recanto das Letras. E tudo indica que ele, depois da adolescência, pode mesmo ter deixado de fazer xixi na cama. A tal transferência emocional aconteceu, ao que tudo indica.

Um especialista analisou os textos do Pierre e detectou que ele “transferiu” suas frustrações trocando uma consoante por outra na sua poesia.

É que os títulos dos discursos poéticos dele são geralmente iniciados do mesmo jeito, mas com a letra “T” em lugar do “J”, mais ou menos assim:

— “MiTo...! Você é mau, MiTo...! E aí, MiTo, quando é que você vai me deixar acordar sossegado?”

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Moral da história (estória): "Xixi" é algo que colocaram na sua cabeça.