A mentira do jabuti.
A mentira do jabuti.
Tonho, o jabuti, estava incomodado com a amizade da lebre Maurício com a doninha Marta. Incomodava a ele o fato de passarem o dia todo de conversa. Não gostava de ver como a doninha ria com as histórias da lebre.
Não, Tonho não era apaixonado pela Marta e nem tinha nada contra o Maurício. O jabuti não era agradável. Tão chato que ninguém queria tá perto dele. Não conseguia puxar um assunto que interessava a alguém e não conseguia fazer amigos. Quando achava um ou outro que dava atenção ele escolhia um dos animais pra falar mal e isso causava desinteresse em quem não gostava de ouvir críticas, porque afinal todos tem defeitos e qualidades. Para que focar nossa visão no pior das pessoas?
Então teve um domingo de sol que era aniversário do mico leão e ele resolveu convidar toda a floresta para uma festa perto da lagoa. Não faltou ninguém. Isso inclui o nosso personagem jabuti.
Lá vai ele de novo, não pode ver a Marta que vai encher ela de bobagens - pensou Tonho ao avistar a lebre ir ao encontro da Doninha.
Ela ria com as estórias e o jabuti se roía de raiva por dentro.
Quando Maurício saiu para pegar uma bebida ele aproveitou e se aproximou da doninha. Sem nada interessante pra falar como sempre ele inventou que a lebre estava espalhando que a doninha ia todos os dias dormir na toca dele. Marta ficou furiosa e foi tirar satisfação com Maurício que sem entender nada ainda ofereceu a bebida que tinha ido pegar para a Doninha que num ataque de fúria jogou na fuça da lebre e saiu da festa chorando e deixando nosso amigo roedor triste num canto enquanto o cascudo Tonho ria escondido.
Outro domingo se passou e dessa vez era aniversário da onça Sara. Novamente todos os animais da floresta apareceram de novo. Muita animação. Tonho observava com prazer que a lebre e a doninha estavam em partes opostas. Chega o momento dos parabéns. O bolo era amora. Em festas não tinham rivalidades e nem predadores e presas. Era a lei da floresta. Não para Tonho que já estava pensando em qual amizade ia estragar aquele dia. Todos comeram o bolo que estava uma delícia e o camaleão Rogério pediu pra fazer um discurso. Todos gostavam muito dele. Quer dizer, Tonho não, achava ele muito popular. O camaleão então subiu num galho onde todos pudessem vê-lo e começou a falar:
Amigos, que bom estar com todos vocês. Eu tenho me camuflado e isso me faz despercebido em vários lugares. Assim acabei conhecendo todos vocês, sei o que mostram e o que escondem. Camuflado eu pude notar uma amizade muito bonita e que foi desfeita por causa de uma mentira. Devemos todos ter a mesma mente, mesmo sendo diferentes, mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes devemos sempre tentar viver em harmonia, mas tem uma pessoa aqui que pensa diferente, tem outra mente, outros objetivos...
E assim Rogério, o camaleão, contou tudo que sabia e acabou com a farsa do jabuti que mesmo lento conseguiu sair dali sem ser notado. Marta e Maurício voltaram a ser amigos e depois desse dia quando tinha festa na floresta sempre tinha avisos nas árvores: Estão todos convidados, menos os invejosos. Tonho, o jabuti, sabia que o aviso era pra ele. Nunca mais foi visto. Por sorte ele levava sua casa consigo e sempre se mudava de floresta. Todos torciam que ele tivesse aprendido a lição e fizesse amigos porque viver sozinho é o pior castigo para o invejoso que fica sem ninguém pra invejar.