A CANÇÃO QUE NUNCA TERMINOU





     Quando ainda bem pequena na cidade onde me criei, numa festa em comemoração ao seu aniversário e sendo uma menina que adorava cantar, o que sempre acontecia na escola, minhas professoras e organizadoras daquela festa, foram pedir permissão aos meus pais, eles permitiram e então me colcaram na relação das atrações que iriram se apresentar. E o mais incrível é que eu iria encerrar as apresentações, acompanhada de vários violinos. Podem imaginar minha alegria entusiasmo e orgulho? Me sentia feito gente grande!
     Pois é. A mamãe me ensinara uma canção que eu adorava e que se chama: “Um Beija-flor. Nossa! Eu não tinha hora para ensaiar, queria fazer bonito e corresponder a expectativa de todas as minhas professoras e ser aplaudida pelo público que estaria presente naquela praça, toda florida e iluminada; mais parecia um imênso jardim! Era onde iria acontecer a festa. Se bem, que quando se é criança, tudo parece muito maior do que realmente é.

     E chega o dia da festa. Mamãe me vestiu feito uma princesa, com um vestido de sêda cristal azul, bem rodado, na épca, se usava aquelas anáguas bem armadas e parecia que nos deixava mais bonitinhas e eu, não era diferente. Me sentia linda! Meus pais, super vaidosos e seguros de que eu faria bonito e eu correspondi a confiança e expectativa de todos. Foi incrivel, quando anunciaram minha participação especial, encerrando as festividades. Subi ao palco confiante e acenei para o público que já começava a me aplaudir. Entraram os violinistas e eu comecei a cantar. Enquanto me apresentava um beija-flor, feito pelos organizadres da festa, sobrevoava em volta de mim, onde haviam muitas flores ornamento o palco. Estava tudo lindo demais!

“Um gentil beija-flor que voava, sob o céu de um lindo jardim,
ao beijar assim murmurava o teu beijo é um pazer para mim!
Beija-flor, beija-flor, uma vez eu também fui feliz...
Hoje, choro de saudade, por alguém que não me quis...”

     Minha nossa! O povo me aplaudia de pé e eu não cabia em mim de tanta emoção, mas prossegui e quando a canção terminou, agradeci quase chorando, e o povo não parava de aplaudir! A cortina foi fechada, mas o pessaol continuava a aplaudir. Foi aí, que as professoras pediram para que eu voltasse ao palco. Voltei, os violinistas cemeçaram a tocar e tive que cantar mais uma vez. Mas nem consegui levar a canção até o fim, porque o pranto me sufocava. Meus pais correram ao meu encontro e os aplausos prosseguiam, até que alguém se apresentou agradecendo e explicando o que eu não sabia como fazer. A emoção foi demais para aquele coracãozinho de criança.

     Nunca esqueci aquele momento, até acho, que a partir dali, entendi que cantar e escrever seria o que gostaria de seguir fazendo.
Não me profisionalizei, mas me tornei compositora e até sou inscrita na ordem dos Músicos do Brasil. Até já fiz algumas apresentações, como nas comemorações dos 500 anos do Brasil, no Teatro Nacional de Brasília, em alguns aniverários da nossa capital, nos 100 anos de nascimentos de JK, lá no Memorial que leva seu nome, tenho um livro publicado e adoro escrever, mesmo sendo apenas amadora.
     Tenho participação em diversas antologias, faço parte do Dicionário dos 1000 poetas brasileiros contemporâneos e prossigo adorando ler e escrever, especialmente poesia.


     Esta, é a história de uma canção que nunca terminou.