AS AVENTURAS NO JARDIM DA D. CARMEM - EPISÓDIO 3 – A BORBOLETA INJUSTIÇADA
Como sempre acontecia, D. Carmem, pela manhã, regava seu jardim cuidadosamente, retirando as folhas mortas e cuidando de cada planta presente ali. Alguns insetos não suportavam quando a mangueira passava por cima de suas casas, molhando tudo. Por esta razão, muitos ficavam nas tocas até que o aguaceiro cessasse. Era um lugar de muita alegria, ordem e confusões.
Estavam na primavera e o lindo Jardim florescia magnificamente. Rosas, Lírios e violetas estavam mais lindos que antes. E isso atraía alguns visitantes para o Jardim, às vezes, até desagradáveis. Mas nada que os habitantes não pudessem resolver.
Numas dessas manhãs de primavera, a Joaninha, que andava por todo o jardim, achou numas de suas caminhadas a lagarta feiosa chamada Mari tão cabisbaixa que a preocupou.
- Olá Mari! Que foi? Qual o motivo da sua tristeza?
- Chegou o momento de formar a crisálida. Ficarei lá por alguns dias e passarei pela metamorfose. Tenho medo de sair pior. - Falou a lagarta aflita.
- Fica assim não besta, aposto que você sairá uma borboleta maravilhosa. Acredite! – Joaninha deu um banho de ânimo nela. – Esperarei ansiosa por sua saída.
E foi seguindo toda tristonha a lagarta para a sua hibernação.
Passados algumas semanas, Dona Joaninha foi dar uma olhada em sua amiguinha, que já estava há quase um mês na crisálida.
- Acho que nesses dias ela sairá daí linda e maravilhosa. – Pensou alto. – Já sei, irei fazer uma recepção de boas-vindas.
Reuniu-se com suas amigas, Aranha, Abelhinha, e outros seres do jardim. Enfeitaram o ambiente com várias flores e galhos verdinhos. Ficaram todos na expectativa, até que o grande dia chegou. A feiosa lagarta transformou-se numa borboleta linda e maravilhosa.
À medida que ela ia se aproximando, os insetos começaram a baterem suas asas transmitindo uma suave melodia, enquanto Joaninha esperava toda ansiosa.
Mas, quando a bela borboleta se aproximava, suas asas bateram, meio que sem querer, no Louva-a-deus soltando um pozinho tóxico atingindo-o em cheio. Neste exato momento houve um tumulto maior do mundo e o senhor Pardal começou a gritar: - É uma Monarca, corram e escondam-se, o veneno dela pode nos matar. – Foi voando avisando a todos.
Mari, a borboleta, percebendo o que ela havia causado decidiu se esconder, não sabia o que fazer.
A joaninha sentiu-se culpada pelo ocorrido, pois ela mesma havia convidado os outros. “Se soubesse do perigo. Como ela poderia saber? Nunca soubera que borboletas poderiam matar”. Ficou com pena da Mari, a coitada quando era lagarta já era feia. E agora como borboleta é venenosa. Que destino, hem!
Depois de tudo ter se acalmado, Joaninha decidiu procurar a Mari, pois tinha que encontrar uma solução para a coitadinha. Sabia que a amiga não tinha feito por mal.
-Mari! Mari! Onde você está amiga? Por favor aparece, não tenho medo de você. Só para saberes, o Louva-a-deus está bem, foi só um susto. – Exclamou.
- Deixe-me em paz. Irei voar para bem longe e deixá-los tranquilos. – Respondeu toda magoada. – Maldita hora que virei borboleta!
- Não fale assim, você ficou linda com essas cores: amarela, preta e branca. Parece uma verdadeira rainha. – Respondeu a joaninha toda otimista.
- Do que adianta ser bonita e perigosa! – disse cabisbaixa. – Pode ficar tranquila, irei para bem longe.
- Amiga, tenho uma ótima notícia para você. Você só fará mal se for ingerida ou acariciada com força. Não és peçonhenta. Não pica. Simplesmente, o veneno está em suas asas, e só. Não precisa sair daqui do jardim em que fostes criada. – Afirmou com autoridade D. Joaninha.
Ouvindo isso, Mari alçou voo e aproximando-se da joaninha, algo inesperado ocorreu, a Borboleta foi surpreendida por uma vespa e jogada ao chão. Em seguida, pisoteada e agredida com ira.
- Isto é por meu amigo, o Louva-a-deus! – Falou a vespa com muita raiva da Borboleta.
-Não faça isso! Deixe-a em paz! – Joaninha correu ao encontro da Mari. Já caída e sem forças olhou para a amiga e suspirou:
- Eu mereci! – E assim fechou os olhos para sempre.
A vespa sumiu logo após o acontecido. D. Joaninha e os outros moradores do jardim fizeram um enterro decente para aquela que partira deste mundo sem nem ao menos poder se defender. Morreu inocentemente!
O que restou de sua crisálida, ficou em exposição virando patrimônio cultural do jardim da D. Carmem.
Enquanto a vespa, foi banida do jardim para sempre.
DÉBORA ORIENTE