O Amor em forma de Árvore

Eu saí para caminhar, numa noite fria onde só me vesti de escuridão. O Sentimento ruim me rodeava como uma criança à cirandar. Não foi nada bom senhores (as). Continuei aquele terrível passeio onde em momentos não sabia mais o que era real e o que era um assustador pesadelo. Eu via almas queimando no fogo de uma explosão, corpos dilacerados na calçada do meu medo. Eu vi chamas laranja e vermelhas. Também vi homens correndo em lama do pecado após saquear o que melhor tinham às pessoas. E eu continuei a caminhar e a falar com Jeová para me livrar da minha cegueira real e momentânea. O tempo foi passando, a noite fria ficou quente. Eu vi uma árvore bem na frente à minha caminhada. Caminhei até ela e escutei o barulho que o vento faz, e o chacoalhar das folhas no silêncio da penumbra.

Essa árvore, tinha muitos galhos. Todos eles bem separados um do outro. Suas folhas eram verde lôdo, tão escuras que não pareciam verde mais negras. Seu caule era tão grosso, e não era por menos, ele precisava para aguentar o tamanho daquela árvore.

Eu parei bem em frente a ela, olhei pra cima, era tão grande alta e robusta, assustadora, mas no seu chacoalhar dos galhos me transmitiam paz.

Suas raízes parte dentro da terra, parte fora e eu não conseguia ver o seu fim, era imensa e profunda.

Cheguei bem próximo dela, a cheirei, enconstei minhas mãos e a abracei. Então aconteceu algo inacreditável.

Dois galhos me corresponderam me abraçando. Foi um abraço forte mais reconfortante.

Um deles se envolveu no meu braço esquerdo e cutucou meu ouvido, e com som de ventania suave ouvi um susurro: " Carinho. Eu me apavorei achei que alguém estava ali e tinha falado comigo, olhei para todos os laros não vi ninguém. E entendi, aquela árvore tinha me falado isso. Será que eu estava ficando louca ou apenas sentindo minha mãe terra se comunicando comigo, porque finalmente dei ouvidos a ela?

E quando menos percebi, outro galho se enrosca no meu braço direito e mais uma vez escuto algo, um susurro de vento frio que me arrepiou, dessa vez outra palavra: ressssspeito. Percebi que estava com os dois braços presos, mas não me preocupei me senti especial sabia que aquela grande árvore queria me ensinar algo.

Foi então que outro galho se enrolou em uma das minhas pernas e disse com voz de tormenta e furacão: zeeeeelo!!

Eu quis me apavorar, mas após essa palavra passou um vento suave e gostoso no meu rosto e flores amarelas e pequenas caíram no meu cabelo enfeitando-o. O outro galho por sua vez não só se enroscou na minha oitra perna, como me levantou no ar e me fez sentar no final do grosso caule. E me disse como voz mansa de um pai: compreensão. Outro galho nasceu fininho e belo e me disse como a doce voz de uma mae: paciência. Um galho desceu la de cima da árvore rápido como um raio eme disse em voz de jovem: empatia. Outro galho com voz rouca e arrastada como de um avô me disse: confiança.

O último galho veio em forma de luz, ele era forte e afastou todos os outros galhos e folhas e flores e disse brilhando: esperança.

Quando esse último galho disse isso, o dia amanheceu e eu perguntei a árvore se faltava mais algum galho que eu poderia descobrir. E a árvore sorriu com voz de vó e me disse, querida desce ao chão e caminha pra longe que de longe tu saberá. Não somente se ainda tem galhos pra tu descobrir. Como quem eu sou de verdade.

Eu fiquei intrigada e duvidosa com aquilo, eu estava me sentindo tão bem ali, com todos aqueles sentimentos bons, e tudo que eu estava aprendendo com ela. Mas ela insistiu vá. Você precisa ficar longe para descobrir.

Então eu fui. Caminhei, caminhei e sempre olhando pra trás, e não enchergava nada demais, parecia uma árvore grande e comum. Andei, e andei, olhava pra trás e nada. Foi então que me distraí com pássaros no caminho, olhei o voo deles e admirei aquilo. Foi ai que senti o vento e o susurro: - "Olhe pra trás" Quando olhei eu quase não acreditei. Minha boca de abriu, minhas pupilas dilataram, minhas pernas ficaram bambas e eu caí sentada no chão contemplando aquilo que eu acabara de enxergar.

A árvore, a grande e robusta árvore escura e tenebrosa estava se mostrando pra mim.

Ela ficou com suas folhas verde água, quase florescente. Suas flores amarelas voaram ao chão e fizeram uma cama onde vários bichos dançavam no chão. Seus galhos flutuavam tão amarronzados e brilhavam formando todas as palavras que eu ouvi na noite anterior. E no topo, bem no topo daquela árvore estava o sol que tinha acabado de nascer e em seus raios com toda a sua plenitude estava escrito: AMOR.

Foi então que eu entendi tudo.

Judy Cavalcante
Enviado por Judy Cavalcante em 26/05/2021
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