A girafinha sonhadora
Era uma vez uma girafinha que sonhava em ser bailarina. Ela queria colocar suas sapatilhas e girar, girar e girar na pontinha dos pés. Ah! Como seria linda a pequena girafinha vestida de bailarina. Mas, que pena! A escola de balé da floresta não aceitava bailarinas girafas... Elas eram muito altas e desengonçadas, dizia a mestra das bailarinas.
A pequenina ficou tão tristinha, quando soube que não poderia ser bailarina, que chorou por três dias seguido. Sua mãe já não sabia o que fazer para animá-la. Então, resolveu procurar a Dra. Mucha Coruja, ela sempre tinha uma solução para todos os problemas, era uma das mais sábias criaturas da Floresta.
Chegando ao consultório da Dra. Mucha Coruja, a mamãe girafa estava desconsolada com a tristeza da filha e expós toda a situação a sua conselheira. A Doutora ouviu tudo atentamente, sempre com os grandes olhos fixos na aflita mãe. Ao final, ela deu três voltas na sala, com as mãos às costas e os olhos fixos no chão, desta vez. Tinha um ar preocupado, parecia não saber o que dizer; foi então que parou de repente e apontou um pena indicadora para o ar, seus olhos arregalaram-se ainda mais, como dois grandes faróis, e eis que ela voltou-se para a Dona Girafa e falou: "Na escola de balé, ela realmente não pode estudar, é muito pequena para o seu tamanho, lá só cabem as rolinhas. Aliás, o balé sempre foi ofício dos passarinhos e das borboletas.". Ainda maior tristeza abateu a pobre mãe, temeu por um momento perder a filhinha para um sonho impossível. Mas, a Dra. Mucha Coruja trouxe, como sempre, uma solução fantástica: "Como a girafinha não pode entrar na escola de balé por se muito alta, temos que criar uma escola de balé para girafas.", disse ela.
"Uma escola de balé para girafas?!" Exclamou surpresa a mamãe girafa, enxugando as lágrimas dos olhos.
"Sim, sim, sim! Temos que ensinar as girafinhas a dançar.". Ela rodopiou na sala cheia de alegria.
"Mas girafas não sabem dançar, somos desengonçadas!". Ponderou a mãe, um tanto incrédula na solução da Doutora.
"A Mestra bailarina deverá ser capaz de as ensinar, ela é muito competente no que faz. Achará uma forma de fazer as girafas dançarem!"
"Não sei não... Mas minha filhinha sonha tanto em ser bailarina... Acho que devemos tentar!", alegrou-se a mãezinha, digo, maizona.
Então, saíram as duas a caminho da escola de balé. A Mestra bailarina riu ao ouvir tamanho disparate, como ela mesma nomeou. Como ela conseguiria ensinar girafas a dançar balé? Questionou a senhora bailarina. Porém, diante dos apelos da pobre mãe e da Dra. Mucha Coruja, decidiu que faria somente uma tentativa, se no dia da primeira aula houvesse pelo menos cinco girafinhas dispostas a aprender a dançar balé. As duas senhoras concordaram de imendiato e saíram em busca de girafinhas que queisessem dançar balé. Certa estava a Mestra bailarina que nem uma, além da pequena girafinha, iria aceitar passar por tamanha humilhação diante de toda a floresta.
Durante três dias, as duas senhoras e a girafinha foram a todas as famílias de girafas convidar os pequeninos para entrarem para a nova e inusitada escola de balé. Muitos riram, dizendo que as girafas são elegantes, não ficam rodopiando e saltando pelo ar. Outros achavam uma ideia interssante, mas que dificilmente daria certo. Assim foi até o dia da primeira aula.
No dia da primeira aula, já estavam no local a mamãe girafa, Dra. Mucha Coruja e a girafinha sonhadora, tão feliz. A Mestra das bailarinas chegou quinze minutos antes do horário marcado, olhou tudo, estava tudo exatamente como ela havia recomendado, mas não havia mais nenhuma girafinha para aula, então, ela sorriu marotamente, pensou que toda aquela brincadeira logo, logo iria acabar e disse: "Ficarei aqui somente mais quinze minutos, se ninguém mais aparecer, não haverá mais aulas e esqueceremos essa ideia de escola de balé para girafas.". A pobre girafinha sonhadora sentiu suas pernas tremerem e quis chorar, mas mal pode acreditar no viu quando virou-se para a entrada da sala. Havia não cinco, mas quinze girafinhas, todas preparadas para aprender a dançar balé. A Mestra bailarina caiu de cima do puleiro que havia pedido para fazerem para ela, não conseguia acreditar no que seus olhinhos viam, logo se recompôs meio a contragosto. A Dra. Mucha Coruja saudou todos os novos alunos, que entraram e aula pode começar para a felicidade plena da girafinha sonhadora.
É verdade que demorou um pouco para que as girafinhas conseguissem dançar como verdadeiras bailarinas, mas a Mestra já estava encantada com as grandes pequeninas que não se importou de ensiná-las com o mesmo amor que ensina às rolinhas. E, assim, a floresta teve a sua primeira escola de balé para girafas. Graças ao sonho nada impossível de uma girafinha sonhadora.
Esta fábula é dedicada à minha dançarinha preferida, Laura Clarisse.