O CAFÉ, A CANA E A BANANEIRA - VERSÃO SIMPLIFICADA
Na fazenda, o café imperava com a sua maestria, galhos frondosos de um verde forte e suntuoso, folhas pequenas e ornamentais e frutinhas entre o verde, amarelo, vermelho e o preto.
Do lado, a bananeira o protegia dos ventos, com o caule grosso e suculento. Estabanada, ela pendia para os lados, com imensas folhas em forma oblonga ou elíptica. Os frutos em cachos, eram verdes e pequenos. Amarelavam com manchas escuras ao crescer. No fim do cacho, um curioso adereço vermelho, que era o coração.
Do outro lado estava a cana-de-açúcar de folhagem grande, robusta e fibrosa, se atando e fechando o campo, com um verde mais claro. A ramagem áspera podia causar uma coceira irritante. Os frutos cresciam quase imperceptíveis no meio das folhas longas e finas, balançando como numa dança. Era um imenso tapete verde no campo cheio de vida.
Naquela manhã fria e ventilada, o café admirava a sua bela folhagem e ínfimos frutos, inflando de júbilo e imponência.
E a bananeira indagou sobre o que ele estava a admirar. Com desprezo e presunçoso, o café respondeu que era óbvio que ele se apreciasse, pois era nas paragens a árvore de maior beleza e com os frutos mais amados pelos humanos. – E se virando, desdenhou a bananeira.
A bananeira confusa, mas simpática e amigável, disse que o seu fruto também era muito querido. Pois quem comia gostava e sem falar do potássio que revigorava.
O pé de café, indignado, riu debochando, e disse que ela era louca, pois os seus frutos eram bobos e sem graça, e que só se comiam pela fome e não por apreciar. Já os frutos dele eram nobre, e os homens criavam finas bebidas gourmets amadas por nobres e poderosos. E seus frutos se faziam presentes na mesa da manhã, dando prazer e vitalidade ao início do dia. E ainda, servidos as visitas, ou em horas diferentes do dia para deleite. E que os homens criam cafeterias para vende-lo de formas, misturas e jeitos diversos. Mas, nunca ouvira falar numa “bananeteria”. Então, ele era claramente superior a ela.
A bananeira ficou pasma, se fechou nos seus pensamentos e na sua insignificância.
Logo, a cana-de-açúcar se manifestou com a voz estridente, dizendo que nunca tinha ouvido tanta bobagem e asneira junta. Perguntou porque o café se achava tão magnânimo, bonitinho e adorado. Depois soltou risos de deboche que ecoaram nas plantações.
O café empapuçado de raiva o fulmina com o olhar, e o questiona sobre como ele podia afrontá-lo assim, já que era o imperador dali, e que nada o superava.
O pé de cana deu uma gargalhada que ecoou, e disse que o café tivesse dó. E falou que nesse caso, o poderoso seria ele, pois não só fazia os homens o amarem pela doçura como viciava, e ainda tinha o poder de mover carros e máquinas, sendo até reaproveitável. Que dele se criavam bebidas apreciadas e amadas no mundo e que existiam muitos lugares vendendo seus produtos e criando desde alimentos simples até saborosos e chiques, que circulavam na alta sociedade. Desta forma, ele seria tão rei quanto ou até mais.
E disse ainda que a bananeira não tirava só a fome, mas, que dela se faziam diversas delícias e finas iguarias. E que para o café, o mais importante é que a bananeira o protegia para que o vento não atrapalhasse o seu crescimento, florescimento e reprodução. Enfim, ela era essencial para protegê-lo. – Depois, o encarou.
O pé de café ruborizado, se encolheu como se não houvesse iniciado a confusão, pois havia sido pego no seu próprio orgulho.
O pé de cana disse ainda que ali, ninguém era mais importante do que ninguém, todos eram iguais e tinham a sua parcela de contribuição para a humanidade. E que além de alimentar o homem, juntos ou separados, eram utilizados para criações de bebidas e comidas saborosas e fascinantes, sendo imprescindíveis aos homens. Logo, todos eram grandes e majestosos.
A bananeira sorriu, levantou a cabeça, se sentindo linda e poderosa. O pé de café calou e desistiu de se gabar, envergonhado. E o pé de cana gargalhou. O fato é que unidos, fazemos a diferença e vencemos.