A Lótus

Havia terra. Brotava a água, o vento envolvia, e no fogo reinava...

Ela nasceu em meio a lama... Descriminação e julgamentos enalteciam a soberba, a vivência daquele lugar a paralisava, era vã a tentativa de expressar-se.

Olhares duvidosos despertavam medo dentro de si, hora ou outra surgia um observar comovente de uma irrelevante compaixão.

Negra eram suas raízes e talvez ela não soubesse ainda a grandeza dessa virtude.

O mundo quis fazê-la pequena... Grandes troncos gabavam-se de poder sobre a humilhante condição da vida alheia. As maiores fortalezas gargalhavam do imenso peso destinado, e que lhe sobre caía quando comparado a sua solitária e pequena estatura.

A terra era fraca. Tão fraca quanto a imaginação dos grandes e belos troncos... As águas que a acolhiam tinham o carinho delicado de um colo materno, como se a preparasse para um destino incerto. Frágil era seu corpo, porém, a missão que lhe foi imposta desde o infinito de onde veio, aah... Essa sim! Era de uma pureza incomparável.

O ar que promovia oxigênio estivera sempre lá, mas nem sempre tão acessível... Poder desfrutar de tais elementos era uma questão de prevalecer ainda que, não houvesse uma certeza do que viria. O preço da liberdade ousava ser o mais querido dos troféus.

E ela crescia... Por dentro solidão, dúvidas e medo. Por fora ela se mantinha levemente firme, e firmemente leve. As dores, a injustiça, as humilhações... Nada mais poderia afetá-la permanentemente. Os desafios iam e viam, passeavam e por vezes transpassavam sua alma. Porém, a força de suas negras raízes haviam se expandido por toda a extensão do seu ser, nada mais influenciaria em seu destino. E guiando-se como um homem, a quem não tem nada a perder ou ganhar mas, deixa-se levar ao vento, vulnerável a grandes derrotas ou maiores vitórias ela foi...

O desabrochar delicado de seus sonhos geram um saboroso prazer, que antes desconhecido mas, tão somente a luz da aurora pôde traze-lo a realidade. O respirar, sentir, poder apalpar... É o sonho de todos os sonhos que anseiam satisfação.

Então ela se entrega a natureza... Abre os olhos e pode contemplar o criador.

A lama, água e o vento lapidaram sua força e delicadeza. Para que dela brotasse vida e para que o fogo pudesse tocá-la de maneira que não a tornasse em cinzas... Graciosa, pura e divina, ela tem o dom de abrir-se para a verdade e inspira vitória sob olhares de quem a admira. Sua forma chama atenção e brilham a luz das estrelas, mas sua garra e superação são capazes de mudar vidas.

Sim, ela é uma flor...

PraiAna
Enviado por PraiAna em 28/05/2020
Reeditado em 18/06/2020
Código do texto: T6960321
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