AS POMBAS BRANCAS - A paz no mundo
Em 1938, em uma aldeia situada em uma província de Moçambique, vivia um senhor idoso chamado Manuel, um homem solitário que amava a natureza, adorava olhar para o céu, ver aves batendo suas asas e exibindo seu esplendor pelos ares.
Aquela região era frequentada por um elevado número de pombas brancas, a província chegou a ser atribuída a alcunha de província da paz.
Manuel, tendo notado que o índice de caça às pombas era exorbitante, visto que os habitantes daquela região alimentavam-se delas, pensando em protege-las, e evitar sua extinção, decidiu fazer um pombal, algo que para ele era muito difícil, pois carecia de condições para comprar o material necessário. Apesar das limitações, ele não desistiu, bateu na porta de todos os que ele conhecia, procurando ajuda, pois não imaginava sua vida sem o encanto e a saborosa sensação de paz que elas o transmitiam mas ninguém o dava a mão.
Manuel era proprietário de uma casa feita de chapas de zinco, seu único bem de valia, resiliente, destruiu um dos compartimentos de sua casa e com o zinco, fez o pombal que sempre sonhara em fazer. Não podendo comprar, abdicando das pombas que seriam para sua alimentação e colocou-as no seu pombal. Assim o fez durante meses.
No seu pombal, rapidamente, as pombas reproduziram-se, e multiplicaram-se. Manuel, não passava um dia sem alimenta-las.
Com o passar do tempo, naquela região, que tinha as pombas como o maior meio de subsistência, tal como Manuel previa, as pombas ficaram em extinção, excepto no seu secreto pombal onde havia enumeras pombas que não paravam de multiplicar-se.
Manuel, ficou orgulhoso por saber que havia evitado, apesar de secretamente, a extinção das pombas na região, e continuou mantendo as pombas no seu pombal. Mas quando saiu para as ruas, notou que elas já não eram tão belas quanto antes, sem aquelas lindas aves a espalharem o espírito de paz e liberdade pelos ares, a paz naquela região havia se extinguido junto com as pombas, a população já não tinha alimentação, o que dava origem a atitudes vândalas por parte desta.
Após reflexão intensa, o idoso dirigiu-se a seu pombal, onde sempre ia, para ver as aves que tanto amava, ele reparou que elas não eram felizes ali trancadas, pegou em um casal das pombas, e o soltou pelos ares, notou o quanto felizes elas estavam, e que para espalhar a liberdade elas precisavam ser livres, visualizou o encanto que elas traziam ao céu, voando sobro os ares, até que em um instante, ouviu um estrondoso som que tinha a certeza que era de um tiro disparado, A sua pomba estava morta, havia sido abatida.
Manuel foi até a casa onde supostamente a pomba teria caído, chegado lá, viu uma família de 5 elementos que há muito não se alimentavam devidamente, facto notável pelo seu corpo que sinalizava desnutrição, saborear sua pomba, muito felizes e radiantes e convivendo em paz como já há muito não conviviam.
Manuel, ficou paralisado ao assistir a cena, sem falar nada, sorriu com lágrimas nos olhos, simplesmente desejou um bom apetite e dirigiu-se ao seu pombal, onde soltou todas as pombas...
Manuel se deu conta de quanta falta aquelas pombas faziam... Quanta importância elas tinham para as famílias, e notara que a magia das pombas só fazia efeito e sentido com elas livres, espalhando paz e exaltando a liberdade por todos os cantos, se sacrificando para a felicidade dos homens...
[isso acontece também em nossas vidas, por vezes tiramos o direito a liberdade de quem amamos, julgando assim protege-los dos males da vida, e julgando saber o que é certo e errado para eles... mas esquecemo-nos que nada acontece por acaso, e que não importa como, mas sim ser feliz... Por mais que não concorde-mos com os meios para alcançar tal felicidade, e muito menos como a vida ocorre! Uns são lesados para outros sorrirem]
Gonçalves André Mataveia Júnior