VOVÓ CICÍA...
VOVÓ CICÍA morava numa palhoça, no cabeço da serra... Chão de areia batida, mesa, tamboretes, pote, fogão a lenha... Tudo bem limpinho, ah, e a camarinha dela, com a rede e a mala de guardar seus vestidos.
Passava um café bem forte, tomava e ia pitar no seu cachimbo, sentada numa cadeira de balanço, nas sombras do Juazeiro...
Vestidinho branco, surrado, cerzido, mas bem alvinho. Lencinho na cabeça com uns frisos aparecendo...
Rosário no pescoço.
E o povo vinha até ela...
Uns pediam conselhos.
Outros pediam reza pra alguma doença, e ela rezava, e ainda dava umas ervas pra fazer chà, se banhar...
Dava uns unguentos milagrosos que ela mesma preparava...
Emplastros...
Banhas medicinais!
Suas meizinhas eram "uma relíquia!"...
Seus conselhos, um bálsamo...
Suas rezas uma bênção!
Vovó Cicía, tantos quadros de santos nas paredes, tantas velas, tanta fé, simplicidade e humildade.
Do seu cachimbo a pitada, esfumaçava a Serra!
Thomas Saldanha
Natal, 05/02/2020