MORTE: Fábula 2

Nestes últimos dias o Nosso Senhor Jesus Cristo caminhava só e afastado, cada vez mais, dos seus velhos crentes. Mas numa leve curva do caminho achou gentes que se diziam, com gritos e berros vários, evangélicas. Nosso Senhor pensou, usndo da sua infinita lógica, que essas tais seriam fiéis seguidoras da sua boa nova, das bem-aventuranças que Ele predicou sobre os montes sagrados do Povo eleito.

Mais uma vez errou: essas gentes não pregoavam o Evangelho do Senhor Jesus Cristo, mas uma estranha e peçonhenta doutrina argalhada nas covas em que se refugiam os cultores miseráveis do capitalismo "ocidental". Aconteceu o repetidamente anunciado pelos profetas que seu Pai, igualmente eterno e onisciente, inscrevera no Livro Sagrado, Livro de Livros em progressão benfeitora da Humanidade:

"Serás enviado a unir as pessoas em circos de amor e bem, mas os chefes que essas pessoas elegeram enganados cruficicar-te-ão uma e outra e uma terceira até à enésima vez no nome de um evangelho prostituído que espalha no mundo ódios e males, miséria e morte."

Contudo, no fim dos tempos e impensadamente a paz, o amor e a verdade serão proclamadas, segundo anunciam as Escrituras certas:

"9. Eu, João, vosso irmão e companheiro nas tribulações, na rea­leza e na paciência em união com Jesus, estava na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus.

"10. Em um domingo, fui arrebatado em êxtase, e ouvi, por trás de mim, voz forte como de trombeta,

"11. que dizia: 'O que vês, escreve-o num livro e manda-o às sete igrejas: a Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodiceia'.

"12. Voltei-me para saber que voz falava comigo. Tendo-me voltado, vi sete candelabros de ouro

"13. e, no meio dos candelabros, alguém semelhante ao Filho do Homem, vestindo longa túnica até os pés, cingido o peito por um cinto de ouro.

"14. Tinha ele cabeça e cabelos brancos como lã cor de neve. Seus olhos eram como chamas de fogo.

"15. Seus pés se pareciam ao bronze fino incandescido na fornalha. Sua voz era como o ruído de muitas águas.

"16. Segurava na mão direita sete estrelas. De sua boca saía uma espada afiada, de dois gumes. O seu rosto se assemelhava ao sol, quando brilha com toda a força." (Apocalipse, 1)

(A seguir)