TRISTE FIM DE CULTOLÂNDIA
Ao ser fundada, Cultolândia foi chamada assim por ter surgido de um casal de ministros evangélicos, com sete filhos. Seguindo ao pé da letra o mandamento de crescer e multiplicar, o primeiro que Deus deu, orientaram seus descendentes a fazer muitos filhos. A cidade cresceu rápido com a procriação, mas as famílias numerosas precisavam se sustentar. Com os filhos trabalhando junto dos pais, surgiam negócios prósperos que davam mantimento pras famílias e desenvolviam a cidade. O centro de tudo era a única Igreja, onde as pessoas iam encontrar com Deus e os amigos, em um pacto de mútua ajuda.
Ascendia uma família numerosa como as outras, chamando a atenção por seu mistério com carisma. Logo cresceram na igreja e chegaram a altos postos, onde aproveitavam para seus rituais satanistas. Quando o pastor fundador morreu, a decadência podia ser percebida pelos crescentes índices de adultério e roubo. Claro que isso não foi aceito: o movimento “Cultolândia de volta às origens” confrontava o patriarca da família misteriosa, que substituiu o pastor. Ele desacreditava o movimento por não poderem provar isso. A persuasão carismática do opositor e o poder de seus rituais fez com que este enfraquecesse.
Logo chegou a um ponto onde os adultos da cidade traíam sem nenhuma razão. Isso interferiu na educação, porque o desempenho escolar da maioria de filhos de pais divorciados caiu drasticamente; nos empregos, porque muitos adultérios eram em escritórios, o que terminava com acordos e desempregava muita gente. Logo vieram os crimes passionais, e com ideologias de ódio aproveitando o cenário de caos para entrar em uma cidade de amor, o povo se dividiu. Quem ainda lutava, desistiu e deixou aquele caos. E Cultolândia, soterrada pela decadência moral, se esqueceu do que um dia foi.