Os Lobos e as Ovelhas – Um Falso Acordo de Paz
Desde que o mundo é mundo
As ovelhas são presas dos lobos,
Elas têm um ódio profundo,
Não por alguns, mas por todos.
Eles as veem como almoço,
Como jantar ou café da manhã,
Seja o idoso ou o mais moço,
O lobo de carne de ovelha é fã.
Então foi que aconteceu
Uma parceria com os cães,
Um pacto que assim se deu
Para serem delas guardiões.
Em troca de sua proteção,
Elas lhes cederiam sua lã,
Eles poderiam usar como colchão
Aquecendo todo o seu clã.
Os lobos se viram perdidos!
Como poderiam enfrentar
Tão preparados inimigos,
Já que nem podiam se alimentar?
Mas quando dói o estômago
A cabeça tem que funcionar
E do mais fundo do seu âmago
Uma ideia veio lhes iluminar.
Decidiram propor a paz,
Dando seus filhotes com reféns,
Já que os cães estavam demais
Ameaçando a posse de seus bens.
As ovelhas logo disseram sim,
Pois calcularam uma boa economia
Que o acordo de paz enfim,
À toda comunidade bem traria.
Dispensariam os cães policias
Economizando sua riqueza,
Estocando a lã um pouco mais
E vivendo felizes com certeza.
Fizeram então as pazes
E foram entregue os lobinhos,
Mas estavam esse rapazes
Muito bem instruidinhos.
Os bichos no momento certo
Deveriam bem forte uivar
E os pais estariam por perto
Para um resgate falsear.
E foi assim que se sucedeu,
Chegando os lobos em bando
E de maltratar e ferir os seus
Foram as ovelhas acusando.
As coitadas sem saber de nada
Não souberam o que dizer,
Foram em massa massacradas
E nem haveria mesmo o que fazer.
Naquela noite horripilante,
Que não se repita jamais,
Um rebanho caiu num instante
Por causa de uma falsa paz.
Aqui percebemos o seguinte:
O malvado que promessa vem fazer
Nunca a paz, por conseguinte,
Poderá, neste mundo, estabelecer.
Aberio Christe
Adaptação da Fábula de Esopo