O velho pássaro

Havia um pássaro que não sabia voar, era todo desajeitado, levava tombos e tombos, era presa fácil a todos e qualquer um, mas ele tinha um privilegio, aprenderá a enxergar bem, pois na falta das asas foram lhes dado dons, para que pudesse sobreviver na selva da cadeia alimentar. Nos muitos laços e enlaces, o pássaro cresceu e ficou adulto, e encontrou uma companheira, e esta fora o incentivo do pássaro, a fortaleza, o propósito de vida, ela o carregava. E tanto se acostumaram com o jeito um do outro que ela nunca havia observado a dificuldade que o pássaro tinha de voar. E certo é que ela o intensificava, o valorizava e ele, o pássaro adulto se fez poderoso, não porque o era, mas porque ela o fazia ser. Passaram-se os tempos e ambos viviam a se proteger. Até que um dia o pássaro ficou muito doente, fraco, sem condições de também caminhar, uma vez que já não voava. Então fora lhe dado anjo, fora lhe dado, um filho, este sabia voar, sabia e ensinou o velho pássaro a abraçar, e quando o velho teve que esticar suas asas para abraçar sentiu estalar das asas, e percebeu que o abraço do pássaro o libertará, o pássaro passou a andar, passou a voar, agora sem dificuldade, de forma que até sua companheira se surpreendera. Ambos, pássaro, companheira voaram em família, voaram os mais belos sonhos. Toda manhã o velho ia até o bosque , procurava o anjo até o encontrar, notava seu sorriso, seu abraço e pronto, não se lembrava da asa e da dificuldade de voar e voava. Mas a memória do pássaro ficou presa a necessidade de ver o anjo todos os dias, toda a hora todo minuto, e, quando não o via, nem voar não conseguia. O anjo ensinava o pássaro coisas do céu, e o pássaro dava ao anjo a experiência da terra. Um dia o pássaro estava sozinho no bosque e apareceu uma serpente e o encantou, e ele estava pronto a cair, quando o anjo apareceu, mas não houve tempo de abraçar, assim o pássaro assustado, fugiu sem rumo, nem anjo nem companheira, o pássaro assustado sumiu no horizonte apenas se ouviu um ecoar de seu canto. sua companheira assistiu sumir em desespero e o seguiu, tão veloz voaram tão alto que perderam suas forças que ambos caíram meio a floresta. O silencio tomou a mata, há aqueles que juram ter visto caírem abraçados meio as aguas mais tranquilas que cortavam aquelas planícies, já outros dizem que recuperaram suas forças e voaram tão alto mais tão alto que se transfiguraram em anjos e voam pelo mundo ajudando ocultamente aqueles que não sabem voar, apenas ensinando abraçar.

Paulo Sergio Barbosa
Enviado por Paulo Sergio Barbosa em 23/08/2019
Reeditado em 22/07/2022
Código do texto: T6727539
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.