A TRISTEZA DO RIO
– Bom dia seu rio!! Como está o senhor hoje? - Perguntou o sapo, Catolé, que na beira do rio chegava.
O rio sorriu, mas, era um sorriso triste. E disse:
– Preocupado amigo Catolé!
O sapo arregalou os olhos e perguntou:
– O que houve? Está parecendo meio descolorido hoje, o que te preocupa?
Ao que o rio respondeu:
– Estou me sentindo doente amigo!! Acho que os humanos estão jogando coisas demais em mim. Me sinto abandonado, ninguém parece mais se importar comigo. É triste!
O peixe Juca, coloca sua cara para fora da água e complementa:
– Eu que o diga. Nem consigo mais respirar direito aqui. Está ficando complicado. E a sua água que era tão límpida, agora está salobra, escura e com um sabor muito estranho. – e faz beicinho, arregalando os olhos de tristeza.
Catolé se manifesta:
– Poxa! Isso não é justo. Afinal, você é essencial para todos nós. Precisamos muito de você rio. Se você adoecer e morrer, quem vai nos dar água, nos refrescar, abrigar os peixes, infiltrar água no solo para ajudar as árvores e molhar as plantações? E como os humanos vão viver sem você? Não entendo. Será que eles não sabem de nada disso?
O rio tristonho respondeu;
– Não sei amigo. Mas, acho que a maioria dos homens não liga, não se importa. Mas, eu não os entendo também, porque sem água, como a Terra vai sobreviver? Só sei que estou me sentindo muito ruim. Não sei o quanto vou poder suportar.
Catolé já desesperado, diz;
– Espere, o que posso fazer para te ajudar? Diga, que não quero que você parta, preciso de você! Todos aqui precisam.
E Catolé começou a chamar todos das proximidades: árvores, plantas, animais, insetos, peixes e todos que pudessem contribuir. E explicou para eles, que caso, não se unissem para ajudá-lo a salvar o rio, todos ali sofreriam com aquela imensurável perda.
O macaco falou:
– Mas, se foram os homens que fizeram isso, porque somos nós que temos que consertar?
E Catolé horrorizado com o egoísmo do animal, respondeu;
– Você pode viver sem beber água? Ou sem tomar banho para se refrescar do calor? Aguentaria viver sem o rio?
O macaco, desconcertado, disse que não. E entendeu, que às vezes precisamos consertar o erro dos outros, para salvar a todos, inclusive nós. Pois, não somos seres independentes no mundo, vivemos em um ciclo, e cada um depende de cada um para continuar a viver sobre o planeta Terra.
Enfim, o rio já quase sem voz, murmurou:
– Preciso que a sujeira, seja tirada das minhas águas, para que eu possa respirar. Afastar o esgoto para que não me poluam mais, e trata-lo, para que então, ele possa ser desembocado nas minhas águas.
Também se faz necessário que a vegetação das minhas encostas seja colocada novamente, para que minhas margens fiquem protegidas da erosão.
Catolé pensou, pensou, pensou, e sabia que era difícil para eles conseguirem, mas, se todos fizessem um pouco, talvez fosse possível. Senão resolver, pelo menos amenizar. Afinal, o importante é iniciar e tentar.
E assim, todos começaram a se empenhar. Primeiramente, pela limpeza das águas.
Por ser um rio pequeno, e ficar próximo a um pequeno vilarejo, talvez fosse mais fácil salvar o rio.
Por vários dias, eles trabalharam dando o melhor deles, pensando numa salvação conjunta.
Já estavam quase se desesperando. Foi ai, que notaram, que o rio havia melhorado. E tinha voltado a respirar um pouco, mas ainda havia muito o que fazer.
O lixo tirado das águas precisava ser levado para longe, com o intuito de não penetrar na terra, e voltar a poluir o rio e o solo do local.
Foi aí, que Catolé escutou uma voz grossa, e virou-se para olhar. Era um homem, simpático que disse:
– Sabe, eu estou olhando vocês, já tem uns dias. E fiquei impressionado com o que vocês vêm fazendo. Pois, estão tentando salvar não só o rio e suas vidas, como também as nossas. Por isso, meu caro, continuamos daqui. Vou juntar alguns amigos, e levar esse lixo para longe, e tentar conscientizar a todos, do nosso dever de salvar esse rio, não só por ele, nem por vocês, mas por todos nós, e nossos sucessores. Queria eu, que os homens em geral, pensassem assim como vocês. O mundo seria bem melhor.
O sapo sorriu e agradeceu ao homem. O rio também agitou as suas águas, em sinal de agradecimento, pois já estavam voltando a ficar claras. E os peixes pularam de alegria.
E assim, deveria ser o mundo. Sem egoísmo. Se todos ajudassem, criaríamos um mundo melhor para todo ser vivo. E aquela experiência, foi o início de uma mudança, que quem sabe, um dia se espalha e atinge a todos.