Raio Solar e a Borboleta - Parte II
SEGUNDA PARTE
O raio solar, a borboleta e os seres humanos.
Era uma vez, uma terra distante para muitos homens, onde havia uma pequena comunidade que vivia em paz e harmonia. Eram poucos, não mais que cinquenta casas e doze famílias morando naquele lugar tão tranquilo e acolhedor.
Lá havia muita natureza e animais ao seu redor. A vila ficava no meio de uma clareira, a trezentos metros acima do mar, no centro havia uma área comunitária, e ao redor suas pequenas casas de madeira e barro construídas por eles mesmos. Algumas casas eram maiores que outras, e em algumas haviam pequenas plantações e animais de pasto. No centro ao redor da área comunitária haviam belos jardins, muito bem cuidados pelos moradores do local, vários se dispunham um pouco de suas tarefas para ajudar a cuidar da imensidão de vida e cores que ali brotavam. E não somente homens e plantas viviam em harmonia, toda a natureza era equilibrada naquela tão pacata e tranquila vila no meio de uma vasta imensidão de terras localizada num local tropical sobre a linha do equador, uma terra fértil e rica em suas virtudes.
O dia ia clareando devagarinho e Raio Solar iniciava sua bela rotina de aquecer aqueles de que tanto gostava, nos momentos iniciais ele avançava de mansinho, começava na floresta no Leste e aos poucos adentrava nas casas, nos jardins e em todos os caminhos da região. Foi quando através de um pequeno feixe de luz de cor violeta prateada que veio a mensagem de Sol para ele.
– Raio Solar! Te escolhi ao acaso para dar-me informações a respeito de como vivem os seres vivos deste planeta. Um ser de grande força e sabedoria me falou um pouco sobre os sentimentos deles. Quero saber seus hábitos, virtudes e verdades. Não esconda nada, pois de mim nada passa despercebido. Tome como exemplo aqueles que vivem a sua volta. Obrigado pela cooperação. Enviarei mais luz para você se encarregar desta tarefa. Em breve entrarei em contato esperando boas notícias.
Era meio dia, a hora em que Raio Solar ficava mais forte, além disso, estava feliz com o que tinha acontecido, uma mensagem do próprio Sol para ele. Orgulhoso começava a bolar planos para o que ia dizer, o que ia contar, sobre quem? o que? - Calma disse para si mesmo – Sentiu tudo o que estava a sua volta, o tempo passava lentamente e assim ele poderia pensar sobre o que tinha que fazer a respeito. No meio da tarde ele se concentrou no belo jardim no centro da cidade, gostava de focar sua luz naquele lugar, havia muita vida nele, várias plantas e animais, os mais pequenos eram os que mais o impressionavam, os pássaros, seus cantos e sua cor, pena que são livre demais e Raio Solar agia lentamente em seus desejos, assim ficava admirando tudo, gostava das cores, os vários tons de verdes das folhas e as flores, agradecidas elas ficavam quando Raio chegava e elas abriam suas pétalas para receber mais ainda a grande luz que chegava todos os dias para elas e para outros seres vivos, as abelhas vinham de longe coletar o néctar para seu mel, Raio achava o zumbido das abelhas um pouco irritante, gostava mais de paz, foi quando admirou as belas e charmosas borboletas. Uau! Estas sim são belas, discretas, coloridas, batem suas asas suavemente, voltou sua atenção na flor e num pequeno grupo de cinco borboletas que sobrevoavam o jardim, em especial de uma, ela voou até umas das flores abertas e lá ficou. Assim Solar passou até o final de tarde, aquecendo até o último momento aquele lugar especial, concentrou-se na última borboleta e até suavemente ir sumindo e desaparecer completamente.
Borboleta voava tranquilamente numa cortina de vento em direção à alguma flor em algum jardim, não se preocupava, pois onde vivia sabia que suas necessidades eram abundantes. Foi num pequeno voo que foi de encontro ao jardim central, era tão bonito, tão cuidado. Havia algumas pessoas regando e colocando uma pequena marcação ao redor para outros não irem e machucarem alguma planta. Suas asas tinham um contorno de vermelho, entre o centro e a borda uma pequena textura porosa com tom de azul, para no centro pequenas rajadas de um amarelo vivo. Tão linda ela era, e assim como os de sua espécie havia outras, das mais variadas cores e algumas pequenas diferenças de tamanho. Borboleta se afastou do grupo, já era final de tarde e ela ficou um tempo ali, avistou um pequeno feixe de luz e voou até ele, pousou numa das poucas flores que estavam abertas e no exato momento que descansou suas pequenas asas sentiu um alivio imenso, uma sensação de conforto veio até ela, prestou atenção no que tinha a sua volta e não viu nada demais, foi quando levantou suas antenas para cima e viu o que era. Raio Solar estava lá. Aliviada borboleta ficou muito tranquila, ficou ali até o sol se pôr, todas as outras tinham ido embora, mas ela resolveu ficar e sentiu o calor que Raio solar emanava. E não era somente isso, ela não sabia explicar naquele momento. - Vou ter que fazer experimentos práticos a respeito disso – disse ela para si mesma. A noite começava a chegar e ela foi embora, pensando no que tinha acontecido.
Passando por entre as casas da vila, Raio adentrou em uma construção de pequeno porte que não era uma casa, era um espaço mais fechado, de forma irregular ficava localizado numa rua estreita cheia de sombras, o pequeno esconderijo passava discretamente, com apenas uma pequena porta na frente e só uma janela a oeste. Por esta pequena fenda na parede Raio entrou no estabelecimento e viu e ouviu vários homens conversando sobre algum assunto, geralmente nada do que a maioria dos humanos falavam lhe interessava e ele não dava atenção. No entanto neste dia ele sentiu algo estranho, havia apenas homens no lugar, eles falavam e se mexiam rapidamente, alguns olhando para os lados, o que parecia ser o líder deles resmungou algo para outro homem, que em seguida olhou para a janela aberta e a fechou. Raio ficou intrigado com aquilo. – O que se passava ali dentro? Não estavam em seus estados normais aqueles homens – Pensou consigo mesmo. Lembrou que eles diziam algo a respeito de algumas terras ao norte de onde eles estavam, que estavam dizendo que não havia nada lá. – Como assim não há nada? E todas as outras formas de vida? – Não era assim que alguns homens de objetivos maléficos pensavam.
Borboleta costumava visitar algumas casas onde haviam jardins bem cuidados e maravilhosas flores para ela ficar e curtir um barato de seu polem. Estas casas eram de geralmente pessoas mais velhas e antigas na cidade. Casais de idade que mantinham algumas tradições e respeito diante com as outras formas de vida. A mulher cuidava do jardim e do chá. O homem cuidava dos negócios, apesar da idade o senhor era muito respeitado por todos da comunidade, era um homem calmo e com a idade foi ficando cada vez mais corcunda, hoje não passava de um metro meio de altura, era um bom conselheiro, para muitos assuntos importantes na vila ele foi chamado e ouvido com atenção. Uma vez por mês algumas pessoas se reuniam e determinavam o rumo que a vida tomava, o senhor era sempre chamado e nas últimas reuniões se falava muito em crescimento. Ele não concordava com algumas atitudes de outros homens.
– Meu querido, você se cansa com estas reuniões, não precisa mais disso, nós não precisamos, vamos ficar em nossa casa, nos concentrar aqui, em nosso jardim, em nossas próprias vidas.
– Minha senhora querida, já faço parte disso, não posso deixar tudo para trás, ainda mais as coisas como estão. Não é somente nosso futuro que está em jogo, há muito mais envolvendo outros tipos de vida.
– Eu sei, como eu meu jardim cuido tanto de nossa terra, não gostaria que outras fossem mexidas pelos homens, a vida deve continuar como está.
– Sim, devemos conservar as matas e os bosques ao redor da cidade. Temos tudo o que precisamos aqui. Vamos investir em novas formas de cultivo, cuidar do que está ao nosso redor. Usar a cabeça e não sair derrubando tudo por ai.
– Você discursa com a empolgação de um jovem e a sabedoria de velho. Faça o que for preciso e cuide-se em suas ações, nunca prejudique a natureza, você sabe disso. Enquanto isso rezo para forças maiores estarem ao nosso lado, eles são poderosos, e se interferirem em algum movimento maior, consequências serão sentidas para todos os homens.
– Sim. Que tudo dê certo, que o que for para acontecer será. Que as forças do bem estejam conosco nos tempos que virão a seguir.
Marcada uma reunião fora da data comum. A partir de agora os encontros eram semanais e não mais mensais, vistos os últimos acontecimentos que houveram. Alguns homens que chegaram de longe vieram com notícias de que a pequena vila deles foi considerada um território do Estado, e que deviam pagar alguns impostos. Caso eles precisassem de algumas ferramentas para uma geração maior de insumos, estes viriam da cidade grande afim de bancar os custos necessários para uma maior expansão dos negócios.
Os jovens das famílias mais ricas gostaram de tudo, aplaudiram o que escutaram os quatro homens que chegaram a cavalo em roupas muito esquisitas para o povo da vila. A promessa de maior fartura para todos era irresistível. Após algumas horas conversando entre si e com os homens vindos de fora que tiveram que tomar uma decisão. Tinham que decidir entre aderir os novos planos de expansão, que isso queria dizer explorar mais as terras ao norte do pequeno lugar ou ficar como estavam e se concentrar no que já faziam. Das vinte e três pessoas que estavam. Foram dezoito votos a favor e apenas cinco contra. Isso queria dizer que mudanças estavam por vir. Aqueles cinco homens saíram cabisbaixos do local. Como que apenas aqueles cinco iam conseguir frear este crescimento que os outros tanto queriam.
Após esta reunião os homens de fora ainda ficaram mais alguns dias, com outros jovens da cidade eles subiam até uma colina e observavam tudo, um deles até trouxe algum equipamento de medir a terra. Dizia que eram ótimas para uma exploração mais a fundo, e que possivelmente depois do bosque passando o rio encontrariam pedras preciosas. Alguns homens com facões já cortavam as plantas mais densas e entravam na mata para abrir caminhos, outros já traziam pedaços de madeira para construção de pequenas pontes e travessias para chegar mais longe.
Os animais não estavam gostando nada daquilo tudo, durante o dia eles começaram a se agitar, os pássaros voavam em bandos de árvores em árvores, durante a noite se escutavam ruídos de animais que antes não se ouvia. Quando caminhonetas chegaram da cidade trazendo os equipamentos foi uma confusão. Os responsáveis pela entrada das máquinas estavam supervisionando e indo na frente, dizendo onde poderiam deixar tudo aquilo. Eram serras-elétricas, roçadeiras com um metal muito resistente na ponta, duas pequenas armaduras individuais carregadas com metralhadoras de alto calibre, serras a laser e um drone faziam parte do pequeno arsenal que ali chegava. Quando estavam descarregando dos caminhões ouviu-se uma música, um heavy metal pesado, alguns colocaram as mãos nos ouvidos, para logo em seguida observa-se que lentamente vinha uma grande máquina pela estrada, seus pneus dianteiros de um metro giravam devagar fazendo marcas por onde passavam, era grande, pesado e barulhento, sua ponta voltada para baixo era de uma escavadeira com garras enormes e pontiagudas brilhantes, as placas de metal fosco que o encobria nas laterais dava a ele um ar fúnebre, atrás por cima das três rodas gigantes de mais de dois metros e meio de altura vinham quatro pequenas pinças articuladas e mais ágeis que se moviam rapidamente, ele funcionava a óleo e soltava uma poluição tóxica, seu condutor, que usava um grande macacão prateado e uma grande máscara negra com tubos assustava a todos, as mulheres colocaram suas crianças para dentro de suas casas.
Tudo isso assustou e muito os animais, não estavam entendendo o que estava acontecendo, borboleta observava tudo e pensava nas consequências daquilo. Todas as máquinas, os homens andando de um lugar para outro, sempre agitados, a poluição do ar. O fim da paz? Perguntava-se ela.
Numa tarde onde tudo parecia estar mais calmo foi que Borboleta e Raio Solar se encontraram.
– Ó borboleta de voo tão belo, sei o que lhe incomoda, a agitação dos homens, não é?
– Sim, entre os animais só se fala nisso, ninguém está gostando do que está acontecendo, já tínhamos ouvido notícias de que em outros lugares os homens dominaram tudo, e começou assim. O que eles dizem ser progresso, para as plantas e animais isso tudo é muito errado. Chamamos isso de chacina!
– Eu vejo tudo e sinto este ar nefasto que está nos cercando. Nem minha própria luz agora em alguns lugares não é bem-vinda, alguns senhores se reúnem durante as noites e no outro dia começam a marchar rumo a destruição.
– Isso está errado, os animais estão pedindo as forças superiores que nos ajudem e nos guiem nesta nova jornada que passamos. Também temos o apoio de alguns poucos homens que estão dispostos a se sacrificarem pela causa do bem-estar da mãe natureza, de todos os seres que aqui vivem em paz.
– Estou enviando um relatório ao próprio Sol dizendo o que está acontecendo, vou dizer-lhe que são boas pessoas, porém devido a uns valores errados e ainda incompreendidos por mim eles agem de forma errônea e antiética em relação ao próximo e de toda vida que os cercam, parece que alguns não estão nem aí para nada.
– Faça isso, também reunirei os animais e com nossas forças conseguiremos alcançar uma luz suprema afim de desfazer toda esta bagunça em nossas vidas.
A tempestade chegara. Homens avançam com suas máquinas em direção a mata causando muitos danos a terra. Alguns seres naturais começavam a se manifestar, eles eram independentes e com o apoio dos homens conseguiam agir. O ar está turvo. A força das nuvens e dos raios que outrora raramente apareciam por estas bandas agora se animaram e começaram a ocupar mais espaço no céu. Mesmo estando na primavera se passam vários dias escuros e chuvosos, ventos fortes impedem os homens de realizarem algumas tarefas em espaços abertos, os animais não saem para pastar, as pessoas ficam em suas casas na maioria do tempo, apesar das chuvas o clima ainda continuava tropical, e agora estava úmido. Do céu as nuvens negras se divertiam e davam gargalhadas a cada raio e trovão que caia, a cada susto dos homens ou a cada animal que se escondia em suas tocas, elas se multiplicaram e agora eram muitas, nem Raio Solar com a força extra do Sol conseguiu impedir o avanço delas. Tudo estava confuso, animais apareciam mortos em suas gaiolas, cobras estavam entrando nas casas, as barracas dos alojamentos instalados perto da mata foram destruídas pelo forte vento.
Eles disseram que o drone que foi desenvolvido para ir além de onde os homens enxergavam se perdeu. Suas únicas filmagens, que estão muito bem guardadas foi de ele indo em direção a mata, quando os arbustos se tornaram árvores que cresciam a cada metro que percorria, quando tudo ficou mais fechado, não havia para onde ir, seus condutores tiveram que obter uma visão panorâmica, estavam subindo com o equipamento até que algo vindo das árvores o jogou para baixo, o drone de um metro de diâmetro foi batendo nos galhos até chegar ao chão, seus motores não funcionavam mais, os dois técnicos e a equipe direcionaram as energias apenas para um motor reserva e para a câmera, com isso puderam virar e o mover pelo chão, forçando para baixo e colocando a câmera para uma visão de praticamente cento e oitenta graus focaram nas copas das árvores e viram sombras passar rapidamente. Filmaram durante quase meia hora até que um objeto foi lançado de cima e o equipamento foi destruído. Estavam analisando as filmagens, não sabiam o que eram aquilo.
A resposta para isso veio do próprio Sol. Depois de ter recebido as informações de Raio e observando a situação decidiu que teria que agir. Foi um dia em que logo pela manhã que homens saíram com suas suas serras-elétricas, machados e ferramentas em direção a mata. Já haviam feito um longo caminho até o começo da grande floresta que os rodeava. Ao saírem olharam para o céu, o que nos últimos dias havia muitas nuvens hoje pequenos raios de sol começaram a aparecer e desaparecer com os fragmentos cinzas dos céu.
Sol e borboleta estavam agitados, no lugar que antes os dois descansavam no alto da montanha, onde sua temperatura era levemente mais quente e borboleta conseguia chegar onde nem todos os animais conseguiam, hoje conversam num ritmo mais frenético. Os dois olharam para o céu e Raio percebeu clara a diferença daquela manhã. Começou a se fortalecer e não estava se sentindo abatido como nos últimos dias, que em muitos ele nem aparecia. Foi quando a partir daquele momento mudanças também ocorreram.
Nos dias que se seguiram a força do sol foi ficando cada vez mais intensa. As nuvens se dispersaram totalmente. A população olhava ao seu redor e não acreditava, no inicio todos agradeceram, pois com as mudanças ocorrendo aqueles tempos de chuva não eram bons, e hoje com os dias cada vez mais longos e o sol cada vez mais brilhante agradeciam, apenas alguns se davam conta do que tinha ocorrido.
O Senhor corcunda, era conhecido por seus feitos na juventude onde traçara os primeiros caminhos para a comunidade próspera, sabia de tudo o que tinha acontecido e ainda não estava satisfeito com esta reviravolta do sol diante de alguns desastres causados pelos homens. Ficou intrigado com esta história. Falou com sua mulher o que estava acontecendo e ela também disse que percebeu muitas mudanças nos ares ultimamente;
– Depois da chegada da tecnologia os tempos mudaram, e em consequência disso o tempo está cada vez mais louco.
– Eu sei, primeiro os grandes ventos e chuvas, agora este sol que está muito bom, até demais, me preocupo com tudo que está acontecendo.
– Eu também, minhas plantas que gostam de estabilidade, de tempo agradável e firme não estão bem na atual situação, em um dia chove muito, ficamos sem sol durante um tempo, para logo depois ele vir e aparecer com tudo. Apesar de pensar muito nos grandes poderes superiores que estão acima de nós eu não os compreendo.
– Não deves entende-los, apenas cultive-os. Continue a orar por eles, sua fé é que nos ajudará a eles saberem que nem todos de nós humanos somos pragas para eles, que alguns de nós podemos ajudar a dar tranquilidade para todos.
– Sempre com uma solução pacificadora. Você e os quatro conseguiram impedir algum avanço das máquinas?
– Sim, consegui acesso ao galpão para os quatro entrarem onde guardam as duas armaduras que vieram da capital, um deles estudou e consegue desativá-las, eles são uma ótima equipe de jovens cientistas e ativistas que agem de forma correta e justa.
– Vai ficar tudo bem.
– Sim, tudo vai melhorar
Raio solar estava diferente, brilhava até ofuscar os olhos dos mais acostumados com ele, borboleta agora não precisava voar até o alto da montanha para ir ao seu encontro, já que agora onde havia sombra raio solar conseguia chegar e esquentar tudo que tocava. Estava orgulhoso e imponente. borboleta ficava quieta e sentia o peso de estar com alguém que representava um poder tão grande. Mas ela acreditava que este não era o Raio que ela conheceu, agora ele estava exercendo esta papel para fins que nem ela nem os animais entendiam o porque, pois agora sofriam com a falta de água e de um clima mais brando para sobreviver. E no fim Raio sabia disso um pouco.
Os dias se passaram e foram ficando cada vez mais quentes, alguns homens pararam de trabalhar, as pessoas ficavam em suas casas tentando se refrescar nos poucos lugares de sombra. Sol se orgulhará do que conseguiu. - Se as nuvens não conseguiram parar os homens, eu os detive, junto com Raio Solar fiz o que tinha que fazer, agora tudo está mais quente como devia ser.
Semanas se passaram e o inverno estava por chegar, mas nada do Sol passar.
Borboleta foi um dia de encontro com Raio, era difícil para ela voar naquele clima tão intenso, suas asas batiam lentamente em busca de uma brisa para planar e chegar onde havia combinado. Era abaixo de umas árvores e havia sombra no inicio, até Raio chegar e dominar todo o lugar com seu brilho intenso.
– Minha borboleta, o que há com você que está quieta demais.
– Você sabe o que é, não sabe, esse calor, os animais não aguentam mais.
– Sei disso, mas não posso fazer nada a respeito, sou um instrumento de maior poder, e se hoje sou forte do jeito que sou é porque tudo teve que acontecer desse jeito.
– Quando te conheci você era diferente, tranquilo, gostava de chegar à alguns lugares para iluminar os corações daqueles que sentiam o ar de sua graça. Hoje não há porque continuar com esta demasiada demonstração de poder, esse não é você.
– Sou eu sim, mas um pouco diferente, com mais vigor, os seres deste planeta respeitam mais ao Sol e a mim agora do que antes, somos vistos e sentidos com mais frequência. - Está melhor assim.
– Não, eles não os respeitam mais, eles o temem, todos estão confusos, os animais e os homens. Eles já pagaram por seus erros, os homens pararam de cortar as árvores e os animais estão começando a aparecer. - Envie esta mensagem ao Sol, senão por eles, então por mim, por nós. Meu querido Raio.
– Pensarei no assunto, isso deve mesmo acabar. Mas por ora deixe-me admirar sua beleza minha mais linda borboleta.
E assim os dois ficaram juntos, quietos, Raio Solar por força própria conseguiu diminuir sua temperatura, borboleta agradeceu, mexeu levemente suas asas coloridas em agradecimento.