AS AVENDURAS NO JARDIM DA D. CARMEM - EPISÓDIO 1 (A SOLUÇÃO DA D. ARANHA)

Em algum lugar no jardim de D. Carmem, vivia uma Toupeira que resolveu fazer morada bem embaixo de uma roseira. Com hábitos noturnos aguçados, saía sempre no início da noite para fisgar alguma presa. Se alguma aranha ou inseto estivesse de bobeira, coitadinhos seriam isca na certa.

Sabendo disso, dona aranha cuidava de avisar aos desavisados que por descuido acabavam esquecendo.

- Gente, evitem sair a noite, pois a Toupeira estará de tocaia prontinha para dar o bote no primeiro que der bobeira. – Falava sempre todas as tardinhas, sem se cansar.

D. Carmem cuidava muito bem do seu jardim. Todas as manhãs regava as violetas, roseiras, e as demais flores com todo o amor do mundo. Sendo que para os pequenos seres que habitavam ali, era um tormento constante. A água que era jorrada inundava boa parte dos orifícios que serviam de casa para eles. Nem as aranhas escapavam da chuvarada, suas teias encolhiam e sabiam que recomeçariam tudo de novo.

- Aff! - Retrucou D. Aranha. – Não aguento mais ter que refazer minhas teias todos os dias. Já basta o que passamos com a Toupeira.

- Ah, minha filha, não adianta reclamar não. – Disse a abelha toda orgulhosa. – Devemos é agradecer a acolhida. Não é todo mundo que tem o privilégio de morar num jardim assim, bem cuidado, Temos mesmo é que nos preocupar com essa maldita Toupeira.

- Ei, vocês duas! – Chamou a Joaninha. – Psiu! Aqui embaixo!

- Escutei uma voz. Quem será? – A Abelha disse olhando para baixo.

Como elas estavam conversando em cima de uma roseira, não prestaram atenção na joaninha que estava na terra úmida, aos gritos.

- Aqui meninas! – Falou acenando as asinhas. – Sou eu, joaninha!

As duas desceram um pouco mais diminuindo assim a distância entre elas.

- Pra quê este escândalo Joaninha? Não tínhamos visto você. Argumentou a abelha.

- Calma, eu tenho uma novidade para contar. Notícia quente!

- Fala logo! – Disse D. Aranha.

- Tem um rato morando em nosso jardim. Bem grande! Falou levantando as asinhas, se achando por dar a notícia em primeira mão.

A notícia paralisou as duas ouvintes. Entreolharam-se!

- UM RATOOO??? – Falaram ao mesmo tempo.

- Sim! Por três vezes o vi passar pelos canteiros de jasmim e depois nas roseiras do lado leste. Ele parecia esfomeado. O que é que rato como mesmo? Espero que não goste de joaninhas. Argumentou toda medrosa.

Por uns instantes ficaram em silêncio. Até que a D. aranha falou:

- Vamos marcar uma reunião extraordinária com todos os moradores do jardim, com exceção da Toupeira, claro. Abelha, encarregue-se, juntamente com a joaninha de convocar os outros.

Depois dessa ordem, elas saíram a procura da Centopeia, seu Pássaro, o Gafanhoto, do seu Caracol, seu Grilo, o vaga-lume, as formigas operárias e o beija-flor feliz que vivia alegrando o jardim. Todos concordaram em comparecer ao meio-dia.

Ninguém estava entendendo nada. Um murmurinho só. Todos falavam ao mesmo tempo, questionando o “porquê” dessa reunião. E a D. Aranha nada de aparecer para dar explicações. De repente, Sr. Vaga-lume iluminou a última folha da roseira amarela e a D. Aranha apareceu, com seu jeito soberano de ser, começou a falar:

- Boa tarde queridos amigos! Obrigada por ter correspondido ao meu chamado. Ficamos sabendo, eu e a Abelha, através da nossa amiga joaninha que temos um novo morador no jardim. E vocês devem estar se perguntando: E daí? Bem, o morador em questão é um rato enorme.

O alvoroço foi inevitável. O tumulto foi generalizado. Uns chegaram até a desmaiar com a notícia. Mas antes que piorasse, D. aranha retomou o diálogo, para acalmar os ânimos aguçados.

- Calma amigos! Não precisam se desesperar. Se seguirem minhas instruções, tudo saíra bem.

- Então diga logo, pelo amor de Deus! Explanou o Grilo.

- É o seguinte: como estamos sendo ameaçados constantemente, pela toupeira gigante, com suas garras afiadas e sua fome incessante, percebi que a solução está bem diante de nós. – Pausa para respirar. – Vamos usar o rato para expulsar a Toupeira do nosso jardim.

- Mas como vamos convencê-lo? – Perguntou dona Joaninha.

- Simples! Você Joaninha sabe onde nosso novo morador mora, então, vamos até a toca dele e pedir a sua ajuda para combater a Toupeira.

- Com licença, mas a Toupeira vive debaixo da terra, saindo apenas para atacar os insetos. E também não sabemos se o tal rato irá aceitar. – Disse o Gafanhoto.

- É verdade! – Todos gritaram!

Como D. Aranha estava determinada, convidou quem quisesse ir e foram seguindo a Joaninha em direção a casa do Rato.

Estavam todos com medo, mas a vontade de se ver livres da Toupeira, os empurrara para frente. Chegando em frente da toca do Rato, começaram a gritar de maneira a irritar o rato. Ele saiu tão irritado e foi logo ameaçando o grupo:

- Parem com essa algazarra, ou mato todo mundo.

- Calma seu rato, vimos em paz. Queremos fazer-lhes uma proposta. É o seguinte: Tem uma toupeira em nosso jardim, já faz tempo, perturbando nossa paz. Comendo nossos amigos e irmãos sem dó, nem piedade. – Falou D. Aranha.

- E o que vocês esperam que eu faça?

- Dê uma prensa na Toupeira e faça-o sair do nosso jardim, deixando-nos em paz. O senhor é maior e assustador, com todo respeito. Então, ela não irá ser párea para enfrentá-lo.

Pensou um pouco e resolveu ajudar aqueles insetos indefesos. Atucalhou a Toupeira numa noite de lua e quando ela menos esperou, abocanhou seu pescoço e levou-o para um abismo bem distante do jardim. Disse que se ele tentasse aproximar-se de novo do jardim, o fim dele seria trágico.

E assim, em troca da ajuda aos seres do jardim da D. Carmem, o rato viveu em paz e tranquilidade no jardim onde o medo e o desespero desapareceram por completo. Todos vivendo em harmonia, cada um do seu jeito.

DÉBORA ORIENTE

Debora Oriente
Enviado por Debora Oriente em 18/02/2019
Reeditado em 16/01/2024
Código do texto: T6578313
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.