O CAFÉ, A BANANEIRA E A CANA
Na fazenda majestosa, o café imperava mostrando sua imensa beleza. Suas árvores frondosas de um verde forte e ostentoso, suas folhas pequenas e quase ornamentais, e suas frutinhas oscilando entre o verde, amarelo, vermelho e preto que lhe inspiravam todo o seu grande valor.
Ao seu lado a bananeira, lhe protegendo dos ventos. Com seu caule grande, verde, grosso, suculento e um pouco estabanada, pendendo para os lados, com suas imensas folhas saindo do topo para as laterais em forma oblonga ou elíptica.
Seus frutos nascidos de um cacho todos juntos e unidos, que começam verdes e pequenos, e a medida de seus crescimentos amarelam, ficando com partes escuras.
No final do cacho aquela estranha ornamentação avermelhada, que na verdade representa seu grande coração.
Ao lado oposto do terreno, encontrava-se a cana-de-açúcar. Com a sua grande folhagem, robusta e fibrosa, que se conectava, fechando o campo, e deixando tudo em um verde mais claro, mais áspero, capaz de causar uma coceira irritante.
Seus frutos, longos e finos, cresciam de uma forma que quase não se podia ver, pois ficava quase imperceptível no meio de uma folhagem longa e fina, que se balançavam com o vento, como numa dança. E a plantação, se espalhava como um grande, alto e imenso tapete verde, que se esparramava pelo campo dando-lhe vida.
Naquela manhã de clima frio e vento ameno, o café se admirava, olhando sua linda folhagem, e seus pequenos frutos, e se inflava de satisfação com tamanha imponência.
A bananeira perguntou: - Porque tanto se admira senhor café?
O pé de café parou, deu um olhar de desprezo para a bananeira, e se enfatuando, lhe respondeu com uma voz de poucos amigos:
– Olhe dona bananeira, é óbvio que tenho que me apreciar, pois sou por estas paragens a árvore de maior beleza e que oferece os frutos mais apreciados pelos humanos.
E o pé de café olhou para o outro lado, passando a ignorar a bananeira, lhe desdenhando.
A bananeira confusa, e sempre muito simpática e amigável, pensou um pouco, e disse:
– Mas, seu café, o meu fruto também é muito querido. Todo mundo come e gosta, e ele dá muito potássio ao organismo deles, para que tenham vigor.
O pé de café, olhou a bananeira com indignação, deu uma risada de deboche, e retrucou:
– Estás louca? Teus frutos não passam de um alimento bobo e sem graça, que as pessoas comem para passar a fome, e não porque és apreciado.
Diferente de mim, que forneço um fruto nobre, com os quais os homens criam bebidas gourmets, da maior fines, apreciadas por reis, rainhas e tantos outros de grande saber, poder e riquezas.
Logo pela manhã, meus frutos se fazem presentes nas mesas, causando alegria e vigor para o dia que se inicia. As pessoas utilizam meus frutos sempre que tem uma visita, ou em várias horas diferentes do dia, porque lhes dou prazer e alegria.
Meus frutos são utilizados nos lanches do fim da tarde, e os humanos criam lugares para me vender de formas, misturas e jeitos diversos, que se denominam: Cafeterias.
Agora me diga, dona Bananeira! Quando foi que criaram um lugar só para venderem seus frutos?……..(deu uma pausa com o intuito de menosprezar a mesma, e continuou). Nunca minha cara, então, não queira se comparar a mim. Minha superioridade é claríssima.
A bananeira ficou pasma, e por uns minutos, fechou-se introspectiva nos seus pensamentos. E se curvou no meio de sua insignificância.
Foi aí que se ouviu a voz estridente, alta e irritante do pé de cana-de-açúcar:
- Que bobageira toda é essa, seu pé de café????? - o pé de cana inflou com uma conversa tão sem sentido. - Nunca vi tantas asneiras juntas, meu caro!!!
Você realmente, se acha tão magnânimo assim? Só porque és bonitinha e adorada? - soltou risos de deboche, que ecoaram nas plantações.
O pé de café se empapuçou de raiva e fulminou com o seu olhar o pé de cana, pois estava horrorizado, e disse:
– Como podes me afrontar assim? Sou o imperador destas pastagens. Nada me supera.- E enfatuou.
O pé de cana deu uma gargalhada que repercutiu pelos ventos, e voltou a falar:
– Seu pé de café, tenha dó! Se for assim, sabes quem sou eu? Sou poderoso meu amigo. Não faço os homens me amarem só pela minha doçura que vicia, mas também sou capaz de mover carros e máquinas, sou até reaproveitável.
De mim também criam bebidas apreciadas e amadas no mundo todo. E existem muitos lugares para vender os produtos que podem criar comigo. Que vão desde alimentos simples e saborosos até aqueles chiquérrimos, que circulam nas mais altas-rodas da sociedade. Então meu amigo, sou tão rei ou até mais do que você.
E tem mais, essa bananeira está aí não só por causa dos frutos dela que tiram a fome humana, mas porque com ela também se fazem as delícias mais diversificadas, incluindo ainda as iguarias mais finas que se conhece.
E para você, o mais importante é que ela está aí para te proteger. Pois graças a ela, o vento não atrapalha o teu crescimento, florescimento e reprodução. Sim, porque você precisa dessa bananeira para te salvaguardar, e não ela de você. Não sabias? - E olhou bem dentro dos olhos.
O pé de café meio que se envergonhou e tentou se esconder, como se não tivesse iniciado aquela imensa confusão, pois tinha sido pego pelo seu próprio orgulho.
E o pé de cana continuou:
– E tem mais!! Aqui, ninguém é mais importante do que ninguém, somos todos iguais, e temos nossa parcela de contribuição para a humanidade. Nós os alimentamos, e juntos ou separados, criamos comidas e bebidas das mais diversas e saborosas, que os fascinam.
Então, somos todos imprescindíveis para os homens, o que torna cada um de nós, grandes e majestosos.
A bananeira sorriu, levantou sua cabeça e se sentiu linda e poderosa. O pé de café, ficou calado, e desistiu de se gabar, e se fechou no seu silêncio, já que não tinha como fugir dali para se esconder dentro de sua própria vergonha.
O pé de cana soltou aquela gargalhada, que se espalhou por todas as paragens locais.
O fato é que nunca devemos nos achar poderosos sozinhos, pois somos um grande e importante conjunto que precisa crescer e desenvolver junto. Não existe ninguém neste mundo, que seja onipotente.
Então, juntos é que fazemos a diferença, e vencemos.