- Mestre Hakuin
- Mestre Hakuin:Era muito famoso e muito sábio. Sua fama na antiguidade espalhou-se por várias terras.Tinha muitos discípulos, leigos (as) e monásticos (as), morava em uma pequena cabana, assim próximo à floresta na cidadezinha, seria o que chamamos hoje de eremita.
- Tinha um pequeno terreno e cuidava da horta pela manhã, limpava-a com a enxada o pequeno pomar e cuidava do local.
- Perto de sua cabana havia uma família que tinha um pequeno armazém. O casal devoto tinha uma jovem filha única, muito bela e atraente.
-Certa feita ela apareceu grávida e os pais que sonhavam com um casamento budista, uma festa celebrada pelo Mestre Hakuin, ficaram desapontados, mas é a vida...
- Filha tudo bem, eis a natureza humana, mas só nos responda quem é o pai?
- A menina gaguejou e por fim disse:Fo...foi o Mestre Hakuin!
- Ah! meu querido senhor Buddha e eu queria que ele quando a nossa filha casasse fosse o celebrante, exclamou a mãe da menina tristonha.
- Os pais foram até a cabana do Mestre, a medida que caminhavam a raiva ia aumentando e quando chegaram lá, descarregaram muito ódio verbal sobre o religioso, o xingaram de tudo quanto era palavrão da época.
- O Mestre os recebeu escutou e não disse uma só palavra!
- E por fim trataram de espalhar por toda a vizinhança que Hakuin não era mais mestre de coisa nenhuma. Na verdade se aproveitara da boa fé da garota.
- O que caracterizava o mestre era o seu profundo silêncio em muitas questões da vida, entretanto, o povo entendeu aquele velho ditado:
“quem cala consente”.
- Os pais ficaram calados durante toda a gestação da filha. Entretanto todos os discípulos afastaram-se do mestre, pois ele era celibatário.
- Finalmente nasceu um lindo bebê e logo após a primeira amamentação os pais disseram para a filha:
- Pegue suas coisas, seu filho e vá morar com o pai do seu filho.
- Os três saíram de casa, os quatro, mais o recém nascido, saíram de casa tristonhos e chorando e muitas pessoas no caminho assistiram a desoladora cena.
- Chegando na choupana do Mestre o avô pegou o menino no colo e entregou ao mestre:
- Tome, você é o pai, cuide de seu filho, trate bem sua mulher.
- O monge pegou o neném e o abraçou com afeto.
- Então a jovem mãe-menina não aguentou, caiu de joelhos na frente de todos chorando e disse:
- Perdão mestre, perdão meu pais, eu menti, ele não é o pai da criança...
- O clima que se seguiu parecia um oceano de lágrimas.
- Então quem é? – perguntou o pai desesperado.
- É o Fulano lá do mercado de peixes. Eu fiz esse filho por vingança, porque na verdade eu queria outro rapaz, mas como ele não me quis, eu me entreguei ao primeiro que apareceu...
- Mestre – perguntou a avó – e por que o senhor não falou nada?
- É que vocês chegaram aqui com tanta certeza, tanta convicção que não tinha como esclarecer.
- Mas seus discípulos foram todos embora...
- É que eu vi, era um carma antigo meu, de vidas anteriores, quando eu destruí a reputação de muita gente, então vi que estava pagando, aceitei calado.
- E agora Mestre? O que nós fazemos?- perguntou o pai da família.
- Vamos todos sorrir, meu carma, nessa área está zerado, não sei se mais adiante virá outro. – disse o mestre.
- Em compensação, indevidamente, nós difamamos um inocente – disse a jovem mãe.
- Agora, com bons modos, procurem o verdadeiro pai, falem com ele, na verdade, ele também pensa que fui eu. Mas falem de forma educada – disse o monge.
- Os quatro saíram e o Mestre Hakuin voltou para sua horta.
- Dizem que depois deste episódio, a fama benéfica do Grande Mestre Hakuin aumentou demais e o número de discípulos também com a volta dos antigos e os novos que chegavam, impressionados com o fato.
Moral da História: Nem sempre, quem cala consente.