O Druida e o Gigante
Ao ver a claridade entrando pelas fresta da janela, percebeu que dormira mais que o de costume. Sem nenhuma explicação sentiu a necessidade de fazer algo diferente naquele dia que se iniciava.
Sentou -se na beira da cama e pensou no que de importante faria? Oque seria extraordinário?
Depois de algum tempo levantou caminhou até seu altar acendeu uma vela e um tucho de incenso pediu ao seu Deus por orientação e meditou como de costume fazia todas manhãs e sua mente de repente foi clareada e a sensação de algo gigantesco de uma proporção enorme lhe surgia a frente porem não tinha forma.
Era isso! ... Tomada a decisão pegou sua mochila com suas necessidades, seu cantil e o velho cajado que o acompanhava desde a sua iniciação, vestiu seu chapéu de cone ao abrir a porta sentiu o vento tocar-lhe o rosto cumprimentando-o como se foce um beijo de bom dia; Olhando para a estrada que se apresentava a sua frente começou sua caminhada a procura do seu gigante sem saber o que seria.
Andando já por algum tempo, seguindo seu instinto interior chegou a um caminho estreito que cruzava a estrada, a dúvida apareceu em sua mente fechou os olhos respirou fundo permitiu à brisa que soprava delicadamente mostrar-lhe a direção.
A medida que caminhava notava que o caminho se estreitava a ponto de se tornar apenas em um estreito trilho entre arvores e arbustos, não sabia o porquê mas sentia que estava na direção certa pois a recompensa começara a aparecer, a Mãe natureza lhe presenteava com cantos de pássaros, sons que os pequenos animais produziam e cores maravilhosas de flores e um verde tão nítido que por vezes lhe hipnotizara.
Já era tarde e o sol se começava se esconder por de traz do monte que surgia a sua frente achou prudente descansar, então agradeceu as árvores que lhe deram a lenha suficiente para uma pequena fogueira agradeceu a Mãe o alimentou com alguns frutos colhidos ao longo do caminho com sua capa cinzenta forrou o chão sendo a terra seu colchão no qual se deitou, como coberta usou as estrelas que o aqueceram com sua luz e energia e a noite o acolheu proporcionando o descanso necessário para o corpo e mente.
Tão logo amanhecia sentiu uma vontade incontrolável de recomeçar sua caminhada após um breve café que ali mesmo fizera agradeceu a Deus e a Mãe natureza por cada instante ali vivido e a noite tranquila que teve.
Na certeza que estava no caminho certo começou a subir o monte e as árvores antes em grande quantidade deram lugar a gramíneas e pequenos arbustos espinhentos, as primeiras dificuldades surgiram com pedregulhos soltos dificultando os passos, mas isso não iria fazer ele desistir de seu gigante; O sol já bem alto anunciava sua força e energia, o suor lhe escorria no rosto, e suas pernas começavam a sentir o peso daquela elevação mas seu gigante ainda estava por ser encontrado.
Quanto mais caminhava mais íngreme ficava o caminho e os pedregulhos mais raros, agora eram grandes pedras fincadas no corpo da terra, onde vez ou outra tropicava se não foce o apoio de seu cajado com certeza sofreria várias quedas.
E o gigante? Cadê ele, onde se esconde? Esse era seu pensamento a cada tropeção.
Aos poucos o caminho deixaria de existir agora só encontrava a sua frente um paredão com pedras pontiagudas e afiadas cravadas no paredão; Sua determinação era tão grande em encontrar seu objetivo que nem percebeu que em suas mãos tinham bolhas e ferimentos causados pelas rochas que agora era obrigado a agarrar-se para escalar e assim foi seu dia e tarde de subida escorregões ferimentos até que a noite chegou e a escuridão o cobriu com seu manto negro, seu cansaço era tanto que nem se deu conta que chegara ao cume do morro e ali se aconchegou nos braços da natureza repousando num sono profundo sobe a luz das estrelas e o beijo Deusa que mostrava sua face de anciã recompensando-o com a beleza de seu esplendor.
Quando abriu os olhos sentiu o frescor da manhã em seu corpo já restabelecido pelo repouso, levantou-se e como de costume agradeceu por tudo que passara e sentira, caminhou um pouco e percebeu então que estava no pico de uma montanha gigantesca de onde via toda a planície abaixo, via as copas das arvores que antes te pareciam tão grandes e majestosas, os caminhos que agora eram riscos na terra cercados pelo verde da vegetação.
Só então se deu conta que o gigante estava ali e ele havia encontrado e escalado, percebeu que no foco de seu objetivo esquecera da grandeza de sua jornada dos presentes; Mas aprendeu que quando se procura pode se encontrar sem saber que encontrou.
Luiz Otavio Bizella