A BARATA E A FORMIGA
Uma mesa de madeira e um bancão de tábua.
Algumas cadeiras, chão sujo e meio estragado.
Lenha atraz da porta e algumas palhas de milho junto da lenha,
Telhado negro de tanta fumaça e o suspiro do fogão na parede meio entupido.
Cinzas espalhadas pela taipa do fogão de lenha e uma gatinha dormindo.
Foi neste cenário que apareceu uma formiga amarela,
Também chamada pela vizinhança de formiga doce.
A formiga entrou desinibida em busca dos restos de pão
E das gotículas de café docinho que caíram no chão.
Em busca de alimento, também apareceu por detrás do pilão,
Uma barata muito apressada, com as antenas ligadas a tudo o que acontecia.
Na correria que a barata estava, topou de frente com a formiga.
Esta que sondava lentamente o ambiente dos bagaços de pães e do doce do café.
Disse a barata meio assustada: - ei, você aí. O que está fazendo.
Eu estou saboreando o açúcar das gotículas do café e você, o que está fazendo?
Parece que nunca veio neste lugar?, respondeu a formiga.
Um pouco mais tranqüila a barata começou a falar:
- eu estou procurando outra coisa dona formiga!
Eu estou procurando o local onde está o urinol!
As gotículas que eu preciso é lá que cai.
Pois a dona desta casa, aquela idosa estressada, que tanto me detesta,
Toda noite derruba urina fora daquele pinico e para mim é um prato cheio.
- Que coisa mais horrorosa! Respondeu a formiga.
Eu prefiro ficar saboreando o açúcar do café e depois levar os pedaços de pães.
Você é mais nojenta do que a dona desta casa.
Pois eu nunca vi a dona desta casa saborear as gotículas da sua própria urina.
Até logo, Já perdi o apetite,
respondeu irritada a formiga e foi embora.
A barata nem se tocou, pois o vício era maior.
Correu apressadamente em direção ao quarto,
Só depois de uns dez minutos é que voltou de lá e entrou numa fenda,
Um buraco na parede bem perto do pilão.
É isso aí!
Acácio Nunes