O Homem das calças Fedidas

O Homem das calças fedidas

Era um homem qualquer, de uma cidade qualquer, de uma ocupação qualquer, mas, com um aspecto que sempre o deixava em desvantagem perante o mundo; Estava sempre vestindo calças fedidas. Fediam merda, lixo azedo, suor, e principalmente urina. Ninguém gostava de ficar perto dele o cheiro era forte e incomodava demais, ninguém sabia dizer ao certo do por quê não gostavam dele além do fato de ter as calças insuportavelmente fedidas, mas, o fato era que, sofria um enorme prejuizo social pois suas relações praticamente inexistententes empobreciam demais a sua experiência de vida. Ja ha algum tempo encontrava-se estagnado ( profissionalmente, pessoalmente...) e ja dava alguns sinais de regreção, afinal de contas, se não evoluimos estagnamos e se estagnamos regredimos e se regredirmos ja estaremos prontos para voltar a morar nas cavernas como assim desejam os biologos.

Por polidez e educação não diziam ao homem cultivar o hábito de vestir calças limpas e o deixavam sem amigos, namoradas, sem um emprego descente e sem qualquer perspectiva de um futuro melhor. Sempre que se perguntavam do por quê do homem andar com as calças tão sujas assim levantavam todas e qualquer tipo de hipóse, mas nunca chegavam a verdade.

Tinha 38 anos e vivia com a mãe. Odiava o futebol por quê o pai o abandonou para viver o sonho de ser um jogador profissional na Europa e nunca mais deu noticias. Ao ver algo relacionado ao futebol, seu coração se apertava se sentia os seus olhos marejarem. Ia toda os sabados levar flores para a sepultura se sua falecida avó por quê foi em um sabado que ela morreu, ja sua mãe nunca fora ao cemitério após o sepultamento, que alias, nem ficou até o final. Não havia um dia sequer que o homem não sofrece em silêncio a ausência da avó.

Quanto a mãe, logo após o termino do relacionamento com o pai de seu filho, iniciou um outro relacionamento. E depois outro, e outro, e outro, e outro, e outro. Noentanto, o homem não teve uma ligação intima com nenhum deles, mal sequer estabeleceu um contato com eles. Jamais deixou que o filho aprendesse a fazer os serviços domésticos, o fazia mesmo que tivesse trabalhado em três empregos durante a semana. Cozinhava as suas refeições, lavava e passava as suas roupas com uma expreção fechada, quase que de raiva em seu olhar, mas nunca deixava o filho passar necessidade.

A medida em que o tempo foi passando, a mãe foi pouco a pouco diminuindo o seu empenho em cuidar bem de seu filho, preferia fazer qualquer outra coisa, assistir TV começar algum curso, conversar com as vizinhas, qualquer coisa menos atender as vontades básicas e mesmo necessidades do filho. Assim, lavava as suas roupas com uma frequência cada vez menor de modo que o homem sempre tinha que repetir as roupas que usava acumulando o cheiro de suor e de urina principalmente em suas calças. Mas sempre que o Homem deu indicios de que sairia de casa, a mãe adoecia gravemente lhe exigindo cuidados enormes adiando os seus planos.

Com um nó na garganta e os olhos marejados, o homem se via sem mulher, sem amigos, sem um bom emprego, sem perspectivas e mais perto do fim do que do inicio da vida mesmo perto dos 40 anos. E você que esta lendo todo esse relato, deve estar se perguntando " Por que diabos ele nunca foi a uma lavandeiria?". O Homem estava cansado demais, triste demais e quebrado demais para pensar em ir a uma lavandeiria lavar as suas calças.

Num belo dia triste, o Homem se matou. Uma parte de cada pessoa morreu junto com ele. Quem eram essas pessoas? Não importa. Como a sua mãe reagiu a morte do filho? Não importa. Como ele se matou? Não importa. Ele seria enterrado ao lado da avó? Não importa. Sua mãe levaria flores para a sepultura toda semana? Não importa. Ele esta morto. E você que leu este relato, o que acha? Não importa. E o que o autor destas linhas acha?..................Não importa.

João Florênça
Enviado por João Florênça em 08/07/2018
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