Parábola da Fonte

Parábola da fonte

Certo dia, jovem índio veio até o pajé da tribo em busca de aconselhamento...

- Grande líder!!! Busco conselhos....

O velho índio, olha para o jovem e sorrindo, convida para sentar ao seu lado.

- O que lhe atormenta jovem?

O jovem índio meio sem jeito começa a expor suas inquietações...

- Tenho tarefa diária de suprir nossas tendas de água fresca, mas a tarefa anda me incomodando.... Após breve pausa continuou....

- Se pego a água do rio que corre ao lado, percebo que não é adequada para o consumo. Vem com uma coloração escura e quase sempre há a presença de pequenos vermes....

- Se subo o rio, la na curva onde existem pedras, encontro com vários irmãos a lavar seus utensílios de caça e pessoas lavando roupas. Também a água ali não é adequada ao consumo.

- Se vou mais adiante, até o pé da montanha, as corredeiras que ali se formam tornam o local perigoso, sem falar nos grandes ursos que buscam a pesca e ali fazem suas necessidades. A água dali também não é boa….

-Resta-me mestre subir a montanha em busca da fonte.... Só que ao me aproximar da trilha íngreme, encontro velhos índios a pedir que traga água para eles... breve pausa se fez ouvir no ambiente. Velho índio continuou a olhar o mais novo incentivando com o olhar a continuar o relato. E o índio continuou seu relato.

- Sinceramente não me incomodo de ajuda-los. Já estão em idade avançada e por certo não tem forças para subir a grande montanha. Seria por demais penosa a subida em tais condições físicas.

- o que me incomoda realmente são jovens como eu que encontro ao longo da subida e que por preguiça ou negligencia ficam a pedir água dos que sobem. Não fazem nada para merecer e ainda gastam o tempo com futilidades.... Isso me incomoda!!!!

O velho índio que tudo ouvia até aquele momento, virou-se para o jovem guerreiro e perguntou-lhe: - Conte-me como foi a subida até o olho d’agua...

- A subida até a fonte é muito íngreme. Exige muito esforço físico. Em dados momentos pode haver desequilíbrios, sem falar nas plantas que margeiam o único caminho. Elas ferem os nossos braços e rostos com os seus espinhos....

Após o breve relato, o jovem se cala pensativo….

O velho índio após alguns momentos de silencio indaga: - E como é lá em cima? Ao chegar, o que sente?

O jovem responde quase que automaticamente às perguntas feitas.

- É lindo!!! A vista enche minha alma de alegria!! Vejo o vale e as montanhas ao longe.... Vejo nossas tendas diminutas.... Vejo os pássaros no ar..... Por um instante sento à beira do rochedo e fico extasiado pelo belo espetáculo que a natureza oferta aos olhos!!! Depois, vou para o filete de água que sai das rochas e lavo minhas feridas abertas durante o trajeto.... A água gelada, anestesia os arranhões me proporcionando bem-estar!!! Mas o melhor é a água ao beber.... Experimento uma paz interior, um silencio que traz harmonia e bem-estar.... Sinto-me conectado com o universo!!! Filho do alto e amparado pai de todos.... Não dá para descrever o que sinto!!! É indescritível!!!!

O silencio novamente se fez no recinto…O velho índio esboçando um sorriso, põe a mão sobre o ombro do jovem e diz: - Você já tem a resposta para suas inquietações…. Na nossa vida devemos ter gratidão por tudo que a vida nos oferece. as lições estão ai para nos ensinar, corrigir rumos e fortalecer o nosso ser.... Devemos ter caridade também para com os que não despertaram ainda…. Lembre-se!!!! Você vivenciou, experienciou... você sabe. Outros, que se encontram pelo caminho, podem apenas sonhar as suas experiências….

E então? Você quer beber de que água? Da fonte ou do rio?