POR QUE NÃO O MAR?

Depois de uma longa tempestade que quase devastou aquele antigo templo à beira mar, o sábio sentou-se sobre a areia e ficou ali observando a imensidão.

O jovem discípulo se aproximou, prestou deferência ao mestre e falou:

"Na vida temos que ser tempestade, que tem força para fazer o que quiser."

O velho de barbas brancas permaneceu inerte em sua contemplação, quando foi novamente interrompido pelo afoito aprendiz:

"O senhor não concorda mestre? Quem cala consente?"

"Quem cala reflete meu filho..." Falou calmante o sábio e logo em seguida emendou :

"Por que não o mar?"

"Não entendi mestre." Bradou o confuso discípulo.

"Por que não ser o mar ao invés da tempestade?" Questionou o sábio.

"Porque o mar está sempre do mesmo jeito. A tempestade passou, revirou tudo com força e ele continua aí do mesmo jeito." Respondeu sorrindo o aluno.

" Mais uma coisa, onde está a tempestade?" Perguntou o ancião?

"Foi embora." Acentuou o jovem.

" E onde está o mar?"

"Continua aqui." Afirmou o desentendido discípulo.

"Isso mesmo meu jovem. Não seja a tempestade que passa num rompante e se vai. Seja o mar, que enfrenta a tempestade, se revira todo, mas jamais deixa o seu lugar." Arrematou o sábio.

Com os olhos marejados, o jovem sentou-se ao lado do seu mestre e passou a contemplar a imensidão do mar.

Moral da história: Na sua trajetória sempre haverá tempestades para te enfrentar. E se mar você for, seu mundo passará pela revolta e você permanecerá. Porém, se tempestade quiser ser, chacoalhará o mar de alguém, mas inevitavelmente acabará. A força não está no poder de um sopro, mas na paciência de uma respiração.